O Governo já abordou mais de 30 farmacêuticas internacionais que estão a desenvolver vacinas contra a covid-19, para incluir Portugal na rede de produção.
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Os contactos estão a decorrer e só em 2021 deverá haver resultados concretos. Em Espanha, esta semana, foi anunciado um acordo entre a Reig Jofre, de Barcelona, e a Johnson & Johnson, uma das seis farmacêuticas que assinaram contratos com Bruxelas.
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Ao JN, fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) disse já ter identificado os interlocutores dentro de cada laboratório e os calendários de produção. Sem as nomear, avançou que muitas farmacêuticas contactadas estão na fase 2 ou 3 dos ensaios clínicos. Hoje, 13 vacinas estão na terceira e última fase de ensaios em larga escala, incluindo a da Pfizer-BioNTech, que a Europa deverá aprovar na segunda-feira.
O ministério de Augusto Santos Silva, todavia, deixa entender que há ainda tempo para negociar com as farmacêuticas: "A formação do mercado das vacinas covid levará ainda algum tempo a consolidar-se, em particular se, como tudo indica, a necessidade de vacinação for recorrente". Ou seja, será necessário imunizar a população de forma periódica.
Na frente nacional, o MNE está a identificar os laboratórios que poderão fabricar as vacinas. A expectativa é que, em 2021 e 2022, Portugal seja um "destino de investimento no setor farmacêutico", diz. Um objetivo já expresso pela Comissão Europeia: aproveitar a pandemia para dar força aos produtores europeus.
Primeira fase mais longa
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No curto prazo, a Pfizer (a primeira empresa a submeter-se à avaliação da Agência Europeia do Medicamento, a EMA), já assumiu que dificuldades na produção a impedem de entregar a quantidade de vacinas acordada. Ontem, o coordenador do Plano de Vacinação Covid-19 disse, no Parlamento, que Portugal deverá receber menos 20% das doses previstas, com consequências para a primeira fase do plano de vacinação. Francisco Ramos admite que o incumprimento é uma "má notícia".
A quebra na quantidade que vai chegar ao país anula a possibilidade da primeira fase do plano de vacinação ficar concluída entre janeiro e fevereiro, conforme inicialmente apontado. Este era o melhor dos três cenários previstos para a primeira fase (janeiro/fevereiro, janeiro/março e janeiro/abril), mas "está fora de questão". Com o incumprimento da Pfizer "vamos aproximar-nos mais [do cenário] janeiro a abril", referiu Francisco Ramos.
O coordenador afirmou que Portugal está preparado para antecipar a vacinação e considerou que a possibilidade das doses chegarem mais cedo do que o previsto é um "fator positivo".
Distribuição em horas
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A possível antecipação da campanha decorre da decisão da EMA de adiantar, para 21 de dezembro, a reunião do Comité de Uso Humano de Medicamentos, na qual poderá aprovar a vacina da Pfizer-BioNTech. Francisco Ramos revelou que, se a empresa mantiver a disponibilidade de as entregar três dias depois, Portugal terá pessoas para as receber, mesmo que calhe na noite de Natal.
Mais tarde, para frisar que o país está preparado, mal cheguem as doses, o coordenador do plano disse que, se por magia, os fármacos chegassem de manhã a Portugal, "à tarde teríamos condições para administrar vacinas num qualquer centro de saúde".
Em resposta a questões sobre as condições dos cuidados primários para administrar a vacina, Francisco Ramos avançou que a campanha não envolverá mais do que 20% dos enfermeiros dos centros de saúde.
Na audição, Francisco Ramos arriscou repetir uma frase do presidente da República sobre a vacina da gripe, que acabou por se revelar falsa: "Haverá vacinas para todos os portugueses que se queiram vacinar". Estão contratados 22,8 milhões de doses, suficientes para imunizar toda a população. v
Próxima reunião no Infarmed a 5 de janeiro
Os peritos e decisores políticos voltarão a encontrar-se, no Infarmed, a 5 de janeiro, disse Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, após a reunião com Marcelo Rebelo de Sousa. O presidente ouviu ontem os partidos sobre a renovação do estado de emergência (ler mais na página 6).
Europa pode aprovar primeira vacina dia 21
A Agência Europeia do Medicamento pode aprovar a vacina da Pfizer na segunda-feira. A reunião estava marcada para dia 29 e foi antecipada depois de o Governo alemão ter criticado o facto de o fármaco, criado na Alemanha, ainda não ter luz verde europeia. Se assim for, a aprovação definitiva pela União poderá acontecer dia 23.
Profissionais de saúde decidem sobre vacina
Os profissionais de saúde já começaram a ser contactados para apurar se querem, ou não, ser vacinados contra a covid-19. Quem não quiser, diz o "Público", tem de o dizer por escrito.
ONU preocupada
As Nações Unidas avisam que os países mais pobres serão prejudicados pela venda prioritária aos mais ricos, pela propriedade intelectual das vacinas e pela fraqueza das cadeias de abastecimento.