Sinalização luminosa poderá controlar entrada nos areais na época balnear. Governo quer permitir acesso sem medidas coercivas e apela à disciplina
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Um sinal luminoso, semelhante a um semáforo, poderá ser uma das novidades do verão nas praias portuguesas. O Governo prepara um plano de recomendações sanitárias para a época balnear, do qual sobressai a principal medida de distanciamento social. Cada banhista terá dez metros quadrados de areal.
À saída de uma reunião mantida na quinta-feira com o primeiro-ministro, o porta-voz do PAN, André Silva, revelou parte dos planos do Governo. "Vemos como muito positivo a nota que o Governo deu relativamente às praias. Não haverá uma lotação propriamente obrigatória, não existirão medidas propriamente coercivas mas, sim, mais uma vez, um apelo, a que nós também nos associamos, a que continue a existir solidariedade e acima de tudo disciplina para se cumprirem as regras de distanciamento também na praia", disse André Silva.
"É fundamental que possamos todos estar de férias, usufruir dos espaços públicos, nomeadamente da praia, retomar a atividade económica, mas com disciplina", considerou André Silva. O deputado adiantou que "haverá uma média calculada de 10 metros quadrados por pessoa nas praias" e "uma espécie de semáforo ou uma indicação luminosa da lotação da praia".
Manual de boas práticas
A abertura da época balnear está prevista para 1 de junho. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) prepara um manual de boas práticas que deve ser anunciado às autarquias na próxima semana e onde devem constar medidas como o distanciamento entre toalhas ou o uso obrigatório de máscaras em WC e bares.
De fora devem ficar as desinfeções do areal com produtos químicos, como a que se verificou este mês em S. Martinho do Porto. A Quercus e a Associação Zero defendem a não utilização de químicos nos areais das praias e se tal vier a ser proposto vão opor-se. O JN questionou a APA sobre o tema, mas não obteve resposta. Telma Costa, bióloga da Quercus, afirma que estas desinfeções são ineficazes e prejudiciais ao ecossistema. "Uma caixa de areia num parque infantil é desinfetada com hipoclorito, mas não tem ecossistema, o areal da praia tem", diz.
Da Zero, Susana Fonseca diz querer acreditar que os raios ultravioleta vão eliminar o vírus e diz que qualquer químico é prejudicial ao meio ambiente. Para Fernando Maltez, do Colégio de Doenças Infeciosas da Ordem dos Médicos, há que perceber a dinâmica dos areais e a prevalência da covid-19 antes da utilização de químicos. "O calor, as marés e os vários tipos de areal existentes no país que têm de ser tidos em conta", verifica o infeciologista.
LÁ FORA
Espanha
As praias em Espanha devem reabrir a 20 de junho. O município de Valência anunciou que para frequentar a praia será preciso uma app e escolher o horário. A praia terá metade da lotação.
Itália
O acesso às praias italianas vai ser limitado por horários. A população deve escolher fazer praia de manhã ou à tarde, disponibilizando o espaço a outros.
França
Do Mediterrâneo ao Mar do Norte, passando pela costa do Atlântico, Paris manda fechar as praias até junho, mas dá latitude aos municípios para decisão "caso a a caso", desde que se observe o estado de urgência sanitária em vigor no país.
Austrália
Nadadores e surfistas voltaram esta semana à célebre praia de Bondi Beach, em Sydney. Banhos de sol, corridas e ajuntamentos continuam proibidos.
Califórnia
O estado norte-americano decidiu reabrir as praias para algumas atividades: apenas desportos individuais, e é obrigatório o uso de máscara e distanciamento social.