Mais de 70% da população revela que estaria disponível para comprar vacinas extra e que não estão atualmente integradas no Programa Nacional de Vacinação (PNV), caso fossem aconselhadas pelos médicos. No entanto, o custo é a principal barreira apontada para adquirir estas vacinas, aponta um estudo, divulgado esta quinta-feira, pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma).
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São sobretudo os pais com filhos menores (71,1%) que estão mais abertos à possibilidade de adquirir vacinas extra ao PNV: 95,8% dos progenitores "são da opinião que todas as vacinas com indicação para administração em crianças devem estar integradas no Programa Nacional de Vacinação", lê-se no estudo desenvolvido pela consultora 2Logical e aprovado pela Apifarma. A vacina extra PNV mais referida - e uma das mais recomendadas por pediatras, médicos de medicina geral e familiar e enfermeiros para as crianças - é a contra a doença meningocócica para prevenir a infeção por bactérias da meningite.
Porém, conscientes do custo que representa para as famílias, a maioria dos profissionais de saúde, nomeadamente os enfermeiros e os médicos, admitem que não fazem a recomendação ou o aconselhamento de vacinas extra aos progenitores por causa do "custo/preço da vacina". É também por esta razão, que os pais dizem não ter acesso às vacinas que não estão incluídas no PNV. No entanto, quando há essa recomendação, são sobretudo os "médicos e os enfermeiros que mais aconselham as vacinas extra PNV", com destaque para os pediatras e os pneumologistas.
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A maioria dos pais aponta que as vacinas extra mais administradas aos filhos menores foram a da doença meningocócica, a da covid-19 e a do rotavírus (uma infeção viral do trato digestivo). "A vacina contra o rotavírus é a que mais profissionais de saúde adicionariam ao PNV", lê-se no estudo. No caso dos pediatras, os clínicos acrescentam a vacina contra a doença meningocócica, a gripe e hepatite A às recomendações.
Enfermeiros com dificuldade em esclarecer migrantes
"Transversalmente, os profissionais de saúde referiram a importância de incluir em PNV as vacinas contra a doença pneumocócica, para pessoas com mais de 65 anos, a vacina contra o Papiloma Vírus (HPV), para toda a população e a vacina contra a doença meningocócica para crianças de mais faixas etárias", aponta o documento.
O estudo, que analisa a "perceção do valor das vacinas", revela que a maioria "considera que a vacinação não é apenas importante para as crianças, mas também é fundamental para os adultos". Para a análise responderam 2076 pessoas e 790 profissionais de saúde, entre 2 de janeiro e 10 de março de 2023. A recolha de informação sobre vacinação recai, no caso dos profissionais de saúde, maioritariamente sobre a Direção-Geral da Saúde. No entanto, o público geral consulta a Internet para esclarecer dúvidas sobre as vacinas.
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Ainda no grupo dos profissionais de saúde, mais de 80% dos enfermeiros dizem-se "capacitados para prestar esclarecimentos sobre as vacinas que integram o PNV". Contudo, o mesmo não acontece quando têm de esclarecer a população migrante sobre vacinas.
Cerca de 40% deste grupo profissional nunca fez "uma ação de formação sobre a vacinação". Por outro lado, os farmacêuticos admitem que podiam ter "um papel mais ativo" na vacinação extra ao PNV.