O número de vacinas vendidas nas farmácias contra o papilomavirus humano (HPV), que pode provocar diversos cancros, aumentou em 2022, sinal de que as pessoas que não abrangidas no âmbito do Plano Nacional de Vacinação estão cada vez mais alerta para a importância da prevenção.
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Hoje, assinala-se o Dia Internacional de Consciencialização sobre o HPV. De acordo com dados do Cefar (centro de estudos e avaliação em saúde da Associação Nacional das Farmácias ) fornecidos ao JN, em 2022, foram vendidas 52 942 embalagens destas vacinas, mais 13,3% do que em 2021, em que foram 46 741 unidades.
Apesar de o preço ser elevado (ronda os 400 euros), "as pessoas procuram prevenir-se e os clínicos também estão mais despertos para a importância de fomentar a prevenção através da vacinação, particularmente na população que não está coberta no Programa Nacional de Vacinação" (PNV), diz Ana Gonçalves Andrade, ginecologista da Unidade de Patologia do Colo da Maternidade Alfredo da Costa, Lisboa. O programa já prevê que tanto raparigas como rapazes comecem a ser vacinados por volta dos dez anos, "mas ainda temos uma fatia significativa de pessoas que não foram abrangidas pela recomendação atual".
Lesões são silenciosas
A vacina é "o fundamental" quando se trata de prevenção contra o HPV, já que "nos comportamentos sexuais é difícil atuar", diz a médica, lembrando que a proteção da infeção tem "valores acima dos 94% para os tipos incluídos na vacina".
Outra fase importante são os rastreios, já que as infeções e lesões são "silenciosas", ou seja, geralmente são assintomáticas e quando surgem sintomas já se está numa fase avançada da doença. Os rastreios são, por isso, a forma de "identificar as mulheres que já estão infetadas, que podem ter uma lesão provocada por HPV, para as podermos tratar antes de desenvolverem cancro do colo do útero", acrescenta Ana Gonçalves Andrade.
Não é possível fazer rastreios a homens. Para as mulheres existem os rastreios organizados, que convocam as pacientes para serem examinadas, e os "oportunistas", que podem surgir em consultas de planeamento ou ginecologia, concretiza a médica, recomendando que as mulheres mantenham "vigilância".
Mais de 90% dos cancros do colo do útero (a segunda causa de morte por cancro em mulheres entre os 25 e os 45 anos) são por HPV, assim como 88% dos cancros anais, 70% dos da vagina, metade dos cancros do pénis, cerca de 43% das neoplasias da vulva. O HPV também está relacionado com 26% dos casos dos cancros da orofaringe.
Rapazes
Desde 2020
A vacina contra o HPV está incluída no Programa Nacional de Vacinação há vários anos para as raparigas. Desde outubro de 2020, os rapazes nascidos a partir de 2009 também a podem fazer gratuitamente.
Maioria adere
Em 2021, a vacinação com a 1.ª dose no sexo masculino registou coberturas de 81% e 79%, respetivamente, para os nascidos em 2010 e 2009.