Joaquim Leitão, presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), demitiu-se esta quinta-feira. A demissão foi aceite pelo primeiro-ministro.
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O JN confirmou junto de fonte do Ministério da Administração interna (MAI) que a demissão foi apresentada ao secretário de Estado Jorge Gomes, e aceite pelo primeiro-ministro António Costa.
A liderança da ANPC tem sido bastante contestada pela forma como lidou com o combate aos fogos deste verão, em particular com o incêndio de Pedrógão que matou 64 pessoas em junho. A falta de capacidade de comando e de tomada de decisões foi apontada pelo relatório da comissão técnica independente nomeada pelo Parlamento como tendo contribuído para a tragédia.
No início deste ano, Joaquim Leitão propôs a substituição no comando operacional da APNC de José Manuel Moura por Rui Esteves, até então comandante distrital de Operações de Socorro em Castelo Branco. Foi também o responsável pela mudança de 20 dos 36 comandantes distritais, sendo que 17 deles foram nomeados pouco tempo antes da época de incêndios.
Joaquim Leitão foi nomeado para a ANPC em outubro de 2016, substituindo Grave Pereira, que se demitiu por falta de confiança da então ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, após ser conhecido o relatório da Inspeção Geral da Administração Interna que lhe apontou a violação do dever de zelo no processo de transferência dos helicópteros Kamov para a Everjets.
Antes de assumir a presidência da ANPC, Joaquim Leitão, um coronel de infantaria, de 55 anos, tinha sido adjunto do secretário de Estado da Administração Interna Jorge Gomes. Contudo, Leitão já tem uma ligação a António Costa desde 2005, quando também foi adjunto da Secretaria de Estado da Administração Interna, quando a tutela daquele ministério era do atual primeiro-ministro.
Quando Costa saiu do Ministério da Administração Interna, em 2007, para assumir a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, foi buscá-lo para comandante do Regimento de Sapadores de Lisboa.
Em 2011, António Costa voltou a promovê-lo a diretor municipal de Proteção Civil e Socorro.
Esta demissão surge um dia depois de a ministra ter apresentado o pedido de demissão ao primeiro-ministro e dois dias antes de um Conselho de Ministros extraordinário onde são esperadas medidas decisivas para a reestruturação do combate aos fogos e da Proteção Civil.
Em setembro, o comandante nacional operacional da ANPC, Rui Esteves, demitiu-se em resultado de dúvidas sobre a sua licenciatura em Proteção Civil, no Instituto Politécnico de Castelo Branco, obtida com 32 equivalência em 34 unidades curriculares do curso, uma suspeita que se alastrou a outros elementos do topo da hierarquia da ANPC, que terão conseguido as suas graduações do mesmo modo. Rui Esteves foi substituído interinamente por Albino Tavares, até então comandante nacional adjunto, que no relatório da comissão independente é apontado como tendo ordenado aos operadores de comunicações para que não registassem mais alertas na fita do tempo.