A presidente do Parlamento Europeu (PE) está em visita oficial a Portugal e, na manhã desta sexta-feira, esteve com um grupo de cerca de 30 jovens no Jardim da Estrela, onde ouviu as suas perguntas, opiniões e preocupações quanto ao futuro da Europa. Roberta Metsola sublinhou a importância dos jovens portugueses escolherem os seus representantes, referindo-se à elevada taxa de abstenção registada nas últimas legislativas.
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Em conversa com jovens no coreto do Jardim da Estrela, a presidente do Parlamento Europeu mostrou-se particularmente preocupada com a abstenção jovem em Portugal (das mais altas na Europa) e apelou a que os jovens assumam as suas responsabilidades enquanto cidadãos. No seu entender, a nova geração de eleitores "precisa de escolher os seus representantes e não podem subestimar o impacto de ficar em casa, simplesmente porque não se gosta de políticos".
Num ambiente informal e descontraído, quando questionada sobre o que podem os jovens fazer pela Europa, Roberta Metsola sublinhou a importância da participação das novas gerações em assuntos políticos e diz que "precisam de se envolver na resolução de problemas".
No entanto, e apesar dos apelos, a líder entende o afastamento entre os mais novos e as instituições políticas comunitárias. "A política europeia tornou-se aborrecida", diz abertamente e acrescenta: " a União Europeia precisa de dar resposta aos problemas e não esconder-se atrás da burocracia".
Quanto à guerra na Ucrânia, confessou que nunca imaginou que a Europa voltasse a esse cenário, mas revelou que sentiu alívio por saber que, passados seis meses desde o início do conflito, "a Europa não parou", cenário que se previa devido à grande dependência do gás natural russo. Metsola foi a primeira representante das instituições europeias a visitar a Ucrânia.
Combustíveis fósseis vão ficar, por agora
A presidente, a mais nova de sempre a desempenhar o cargo (com apenas 44 anos), reconheceu ainda o esforço e investimento português na transição energética. "O investimento em energias renováveis contribui para que a dependência de combustíveis fósseis seja menor. (...) Precisamos de indústrias fundamentais para o bom funcionamento das economias e que ainda se alimentam de combustíveis fósseis? Eu digo que sim", afirma.
Alertou ainda para o poder que as "forças políticas desestabilizadoras" têm ganho nos parlamentos nacionais, mas não quis estender o fenómeno a Portugal ao afirmar que "isso não acontece aqui".
Leis para refugiados não são aplicadas
Questionada sobre a crise dos refugiados no mar Mediterrâneo, defendeu a humanização da emigração, especialmente na chegada à Europa, admitindo que "por detrás de cada número de refugiados que chegam à Europa, está um ser humano". E recordou a sua célebre frase de 2016: "nenhum pai coloca o filho num barco, que é muito provável de afundar, a não ser que na água a criança esteja mais segura do que em terra".
Para combater a crise migratória, Metsola destaca as inúmeras leis em vigor que tornam a chegada de refugiados mais segura, mas lamenta que estas não sejam aplicadas, ou pelo menos em todas as circunstâncias.
A conversa terminou com a mesma boa disposição com que começou, depois de Roberta Metsola ter sido questionada sobre as diferenças de género na representação política na Europa. Metsola é a terceira mulher eleita presidente do Parlamento Europeu e acredita ter havido uma evolução neste sentido.