A pressão nas unidades hospitalares do país é, segundo Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, "um problema transversal" e "expectável", que só pode ser resolvido se o Serviço Nacional de Saúde (SNS) criar uma nova rede que possa acolher os doentes que, sendo agudos, não são urgentes.
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"Sabíamos que íamos ter um inverno difícil, rigoroso, pois nos invernos anteriores tivemos confinamentos, usamos máscaras e vivemos de uma forma que permitiu reduzir uma série de infeções que agora estão novamente em circulação", referiu Xavier Barreto.
Segundo o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, todos os hospitais do país têm registado um aumento na afluência ao serviço de urgência, o que tem criado, em alguns deles, maior pressão, por não terem capacidade e estrutura para dar resposta às solicitações. E é expectável "que as coisas piorem". "Ainda só estamos no início deste inverno e teremos, certamente, períodos mais difíceis do que estes que estamos a viver", vaticinou.
Esta elevada afluência aos hospitais é, segundo Xavier Barreto, "um problema crónico" do SNS, "que não tem alternativa para os doentes não urgentes, que são mais de metade daqueles que vêm aos serviços de urgência dos hospitais. Não há uma primeira linha de resposta nos cuidados primários, não há resposta alternativa", lamentou.
Na sua opinião, a solução passa, a longo prazo, "por criar uma nova rede que dê resposta ao doente que sendo agudo, não é urgente". "O doente que tem uma gripe, um pequeno trauma, uma patologia que não é grave, deve ter um local onde se dirigir que não a uma urgência de um hospital", frisou, defendendo a criação de "uma estrutura nos cuidados primários, com porta aberta, com capacidade para ver estes doentes fazer-lhes um diagnóstico e dar-lhe o tratamento".
Esta nova estrutura seria uma solução para o futuro, mas Xavier Barreto entende que a curto prazo também é preciso atuar. "É preciso que as pessoas se vacinem contra a gripe, é preciso que percebam que primeiro devem procurar resposta no médico de família ou na Saúde 24 e que só em último caso devem ir ao hospital", defendeu.
Além disso, de imediato, defende ser necessária uma maior articulação entre os hospitais, "para se poderem redistribuir doentes para que o esforço seja equilibrado em todos os hospitais", assim como com os serviços sociais, para combater os internamentos sociais e permitir que os doentes que estejam em condições para tal, possam ser transferidos para lares e instituições, libertando-se assim camas nas unidades hospitalares.