Com as urgências hospitalares a rebentar pelas costuras, a região de Lisboa e Vale do Tejo já tem 36 centros de saúde a funcionar para lá da hora habitual. As unidades com alargamento de horário podem ser consultadas no Portal do SNS e, em caso de doença aguda, o doente pode recorrer ao serviço que lhe der mais jeito, lembrou esta quarta-feira o ministro da Saúde. A modalidade "casa aberta" para a vacinação contra a covid-19 já abriu para os maiores de 65 anos.
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As medidas foram avançadas esta quarta-feira na apresentação do Plano Estratégico do Ministério da Saúde para o Inverno 2022/2023.
"É um plano robusto que nos vai ajudar a viver o inverno", realçou Manuel Pizarro, reconhecendo que, ainda assim, não será um inverno "isento de dificuldades".
Entre as novidades está a criação de uma Equipa de Monitorização e Intervenção na Resposta Sazonal em Saúde, que funcionará em permanência no edifício do Ministério e que contará com a colaboração de todos os intervenientes da Saúde.
A equipa, que será coordenada por Pedro Sá Moreira, vai analisar um conjunto de dados atualizados todos os dias - afluência às urgências dos hospitais, consultas nos cuidados primários, chamadas para a linha SNS24 e para o INEM, bem como as vagas em unidades de cuidados continuados - para diariamente decidir sobre ações a tomar.
Entre essas medidas poderá estar, por exemplo, o alargamento de horários de mais centros de saúde ou em regiões diferentes.
No Portal do SNS, os utentes já podem consultar quais as unidades que estão a funcionar fora do horário habitual, seja durante a semana, ao fim de semana ou feriados.
Em Lisboa e Vale do Tejo já há 36 centros de saúde com novos horários, referiu Manuel Pizarro. Numa altura em que as urgências hospitalares da região estão a registar muita procura, o ministro da Saúde aproveitou para lembrar os utentes que, para efeitos de doença aguda, "não têm de ser atendidos no seu centro de saúde". Ou seja, podem recorrer à unidade mais próxima ou com horário mais conveniente.
De todas as medidas do plano, a mais importante é a vacinação contra a covid-19 e a gripe, destacou o ministro. "São todas importantes, mas se tivesse que escolher uma, escolheria a vacinação porque é a que faz mais diferença na vida das pessoas" e a que terá mais impacto na redução da procura dos serviços de saúde, assinalou.
Manuel Pizarro aproveitou para comunicar que esta quarta-feira abre a modalidade "casa aberta" para vacinação contra a covid-19 (reforço sazonal de outono) e gripe aos cidadãos a partir dos 65 anos.
O plano estratégico do Ministério da Saúde para o Inverno 2022/2023, apresentado pela secretária de Estado para a Promoção da Saúde, Margarida Tavares, tem como objetivo principal "proteger a saúde de todos", diminuindo a ocorrência de infeções respiratórias, a necessidade de recurso aos cuidados de saúde, o impacto na produtividade do SNS, as hospitalizações e as mortes.
Nesse sentido, tem quatro eixos de intervenção: a vigilância epidemiológica de infeções respiratórias e a monitorização do sistema de saúde; medidas de prevenção e contenção; prestação de cuidados de saúde; comunicação e envolvimento da comunidade.
Apoio aos lares
Antes do recurso ao Serviço de Urgência, o plano preconiza a utilização da linha SNS24 para atendimento e orientação dos utentes, mas também a criação de serviços de telessaúde para dar apoio a profissionais de referência das unidades de cuidados continuados, de cuidados paliativos e nos lares.
São também criadas equipas específicas de profissionais dos agrupamentos de centros de saúde e dos hospitais para dar apoio aos lares.
Evitar acumulação de ambulâncias
Para dar resposta à procura nas urgências, o plano define a criação de equipas de coordenação de vagas hospitalares. Está também prevista o desenvolvimento e implementação em cada hospital de um plano de contingência específico para prevenir a acumulação de ambulâncias e sobretudo de doentes transportados à espera de admissão na urgência.
Via verde ACES
A operacionalização da "via Verde ACES", projeto que visa retirar os doentes não urgentes e pouco urgentes (pulseiras verdes e azuis) das urgências, conseguindo-lhes uma consulta no próprio dia no centro de saúde é outra das medidas para minimizar o impacto destes atendimentos nos picos de procura.
Programa de transição para internamentos sociais
Ainda nos hospitais, o plano prevê um programa de transição entre a alta hospitalar e a resposta social, através do alargamento da capacidade de resposta do setor social contratada pelo Estado, por forma a agilizar a saída do hospital dos muitos utentes que ficam meses internados sem motivo clínico.