
Concluíram o internato médico cerca de 250 profissionais
Foto: António Pedro Santos / Lusa
Os dois principais sindicatos dos médicos denunciaram, este domingo, atrasos na abertura dos concursos para a contratação dos médicos especialistas recém-formados, o que tem como consequência a sua fuga para os privados ou para o estrangeiro. Em causa estão 250 profissionais de especialidades críticas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e cada dia que passa é mais um que os privados têm para os contratarem.
A denúncia partiu primeiro do Sindicato Independente dos Médicos. Em comunicado, esta estrutura recordou que o processo de avaliação final do internato médico da época especial de 2025 terminou com as listas homologadas a 12 de novembro e que a lei dá 30 dias como prazo legal para a abertura do concurso. O prazo era até 12 de dezembro e não foi aberto qualquer concurso.
Para Jorge Roque da Cunha, presidente do SIM, os concursos deveriam abrir "logo após" saírem as notas, até porque estes processos de avaliação acontecem, todos os anos, na mesma altura. "Por cada dia que passa em que os especialistas estão sem noção de quais as vagas abertas e para onde podem ir é mais um dia dado aos privados, que andam há meses ou há anos a aliciar os médicos", alertou o mesmo dirigente, à Lusa, criticando a "falta de planeamento crónica" que acaba por prejudicar SNS.
Pouco depois, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) também denunciou que "cerca de 250 médicos especialistas recentemente formados terminaram o internato médico em outubro e continuam, já em dezembro, sem qualquer colocação no SNS devido ao atraso na abertura do concurso de contratação, cujo prazo legal terminou há dois dias".
São de especialidades em falta no SNS
A FNAM realça que, entre estes profissionais, encontram-se médicos "de especialidades críticas para o SNS, nomeadamente mais de 50 médicos de Medicina Geral e Familiar, mais de 30 médicos de Medicina Interna, 16 médicos de Obstetrícia, 12 médicos de Psiquiatria e 11 médicos de Pediatria".
O resultado deste atraso, reforçam, é "conhecido e repetido": "A saída para o setor privado ou para o estrangeiro, agravando deliberadamente a fragilização do SNS". A FNAM exige, por isso, "que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, assuma de imediato a responsabilidade política por esta situação e cumpra a lei, procedendo à abertura urgente do concurso".
Acrescenta a FNAM que o setor público "não pode continuar a perder médicos por inação política, numa altura em que em média, por dia, quatro médicos abandonam o SNS". A não abertura do concurso de contratação "não é um lapso administrativo, é uma decisão política com consequências diretas na segurança dos doentes e no acesso aos cuidados de saúde", acusam.

