Fábricas, no limite de produção, não conseguem responder a novos pedidos do estrangeiro.
Corpo do artigo
Há uma corrida ao gelo em Portugal devido às altas temperaturas que se fazem sentir, mas ainda não se colocam entraves à quantidade que o consumidor pode adquirir, segundo as empresas ouvidas pelo JN.
Na Fábrica D'Gelo, em Vila Franca, Viana do Castelo, o gerente Hugo Morgado revela que "este ano está caótico, mesmo muito", tal o aumento na procura de gelo. A empresa, que no verão produz cerca de cinco toneladas por dia, conta que tem recebido "chamadas do país todo e também de Espanha e de França" de pessoas a tentarem fazer encomendas, mas só consegue responder aos clientes habituais.
"Estamos a dar resposta aos nossos clientes - bares, discotecas, cafés, restaurantes e hipermercados" da zona Norte do país - e, para já, não estamos a falhar. Mas não estamos a aceitar clientes novos", conta, explicando que não está a conseguir produto junto dos fornecedores habituais, nomeadamente de "fábricas em Espanha". No país vizinho, a escassez é tal que os supermercados estão a limitar o número de embalagens de gelo por cliente. Tem havido maior procura devido ao calor e menor produção provocada pelos preços da eletricidade.
Por cá, e apesar da subida das matérias-primas, a Fábrica D'Gelo tem feito um esforço para manter os preços. "O saco plástico [usado para embalagem] aumentou uns 60%, a água aumentou e a energia também, mas não aumentamos o preço do produto ao cliente", diz Hugo Morgado.
Sem limitações
Os supermercados confirmam um aumento da procura. No Continente, regista-se "um crescimento (em volume) de 57% no acumulado do ano em comparação com igual período de 2021 e de 93% no mês de julho relativamente ao período homólogo". Poderão "existir ruturas pontuais em algumas lojas", mas ainda assim não há "previsão de racionamento ou limitação", refere a cadeia, acrescentando que não houve "aumento do preço de venda".
O grupo Auchan adianta que o seu "fornecedor já manifesta alguma dificuldade de produção/entrega", mas, para já, não sente necessidade de racionamento. O Pingo Doce diz que não está a "limitar a venda de gelo nas lojas nem está prevista qualquer restrição".
Notas
Restauração produz
Daniel Serra, presidente da PRO.VAR, diz que não tem recebido relatos de dificuldades em obter gelo na restauração, mas realça que muitos estabelecimentos possuem equipamentos para produção própria.
Cobrar em cafés
A cobrança de gelo em cafés e restaurantes tem merecido críticas nas redes sociais. A decisão "nem sempre é bem recebida pelo consumidor, mas é legítima, pois tem custos".