O segundo dia de greve distrital juntou centenas na praça da República, em Viseu. Professores alertam para tolerância zero com o Governo.
Corpo do artigo
Cerca de 200 professores juntaram-se, na tarde desta terça-feira, no Rossio, em Viseu, para enviarem vários recados ao Governo. Exigem a valorização da profissão e prometem não baixar os braços, numa semana importante em que os sindicatos se voltam a sentar à mesa com o Ministério da Educação.
Professor há 33 anos, de educação especial, Alfredo Pinto já não tem "grande esperança" nas negociações. "O não acreditar não me impede a mim e a muitos colegas de estarem e continuarem a lutar. Estamos aqui pelo ensino público. Corremos o risco de em breve, daqui a três, quatro, cinco, seis anos, não sejam os professores a vir para a rua, mas sejam os pais a vir para a rua exigir professores para os seus filhos", diz.
Fernanda Carvalho, professora do primeiro ciclo há 27 anos, queixa-se da baixa progressão na carreira. "Queremos recuperar o nosso tempo de serviço que trabalhámos e que nos é devido" e, para isso, diz que não vai desistir. "Se não for agora, há-de ser um dia. Até me reformar, não vou desistir. Se houver justiça neste país, terá que acontecer", afirma.
Para a Fenprof, "a luz ao fundo do túnel seria o Ministério da Educação assumir a recuperação do tempo de serviço, "num processo gradual, ao longo dos anos, e que até pode ir além desta legislatura", defende Francisco Gonçalves, secretário-geral adjunto da Fenprof, que percebe os impactos orçamentais da medida.
Na manifestação, ouviu-se um apelo ao presidente da República para que não promulgue o diploma dos concursos.
"Para os professores a questão central é a progressão na carreira. Os docentes percebem que há zonas do país que estão mais necessitadas de professores, mas o que é para nós essencial é que essa colocação de recursos seja feita tendo em conta a graduação profissional", reitera Francisco Gonçalves.
Outras formas de reduzir as assimetrias, de acordo com o sindicalista, seria a recuperação do tempo de serviço e a alteração das regras de mobilidade por doença.
"É inaceitável que um professor que necessite de mobilidade por doença ou tenha alguém a ser cargo com uma incapacidade comprovada, seja impedido de poder trabalhar porque a escola onde está colocado fica muito longe do local onde tem de fazer tratamentos, quando há falta de professores", um problema que vai crescer nos próximos anos.