É nas escolas que, muitas vezes, se nota primeiro que uma criança tem dificuldades de aprendizagem relacionadas com disfunções cognitivas que exigem intervenção.
Corpo do artigo
Os professores notam primeiro, também, quando as crianças deixam de ser acompanhadas por terapeutas. E chegam a "perder o sono", como relata Virgínia Castro, professora de educação especial há mais de três décadas. "É frustrante tentar ajudar estas crianças quando, às vezes, bastava uma pequena ajuda para conseguirem", lamentou a docente no Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Gaia.
O efeito da pandemia, com a telescola, as máscaras e os confinamentos, é evidente para quem está nas escolas. "Há cada vez mais crianças a precisar de apoios, com perturbações de aprendizagem e de leitura", alerta a professora.
escolhas difíceis
"O Estado tem parcerias com entidades para terapias, mas a verba é a mesma há não sei quantos anos e o número de crianças a precisar de ajuda triplicou. E um terapeuta para 60 crianças com 20 minutos por tratamento não faz milagres", relatou. "E o que é mais grave, de certa maneira, é que é mais fácil serem atendidos os casos mais graves do que os que estão no limbo e que, com uma pequena ajuda, poderiam ser funcionais e, futuramente, ter profissões meritórias. É um prejuízo para o futuro do país, ficamos todos a perder", adiantou Virgínia Castro.
Há casos de alunos que "até podem ser muito inteligentes" mas, perante um "orçamento que só dá para 100 meninos quando temos 180 para atender, temos que fazer escolhas muito difíceis".