A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) diz que a proliferação massiva da alga Rugulopteryx okamurae, uma invasora que tem alastrado no Algarve, constitui “uma preocupação dado tratar-se de uma espécie com características próprias, perniciosas para os ecossistemas e para a normal fruição das praias” na época balnear.
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Em resposta ao JN, a APA adianta que, “embora não se tenham identificado problemas para a saúde pública associados à espécie, a mesma por ter características específicas ao nível da síntese de alguns compostos químicos possui extrema resiliência, inibindo o seu consumo por herbívoros generalistas e o desenvolvimento de outras espécies na sua área de ocorrência”.
Nos casos em que a acumulação de algas é excessiva - como se verifica atualmente em praias do concelho de Lagoa e Albufeira - “este facto constitui um foco de maus cheiros na praia, e uma alteração no perfil de solo do areal, ambos indesejáveis em situação de utilização balnear”, acrescenta.
A APA garante que a situação “está a ser acompanhada pelas autoridades com competências autárquicas, na área da saúde, e na gestão do domínio hídrico, havendo indicação para a remoção das massas algais nas zonas balneares”.
Aproveitar massas
Reconhecendo o “incómodo que o fenómeno provoca durante os períodos de utilização balnear das praias”, a APA e a Administração da Região Hidrográfica do Algarve estão a “acompanhar um conjunto de iniciativas privadas que pretendem proceder ao aproveitamento das massas de algas que surgem ao largo do litoral algarvio, previamente ao seu arrojamento”.
Também a Universidade do Algarve submeteu um projeto para o estudo destes fenómenos, por forma a melhor determinar as suas causas, assim como procurar as melhores soluções para controlar/minimizar este problema.
A APA esclarece que trata-se uma espécie exótica com origem na região Asiática, identificada pela primeira vez na Europa em 2002 e com episódios de crescimento em maior escala a partir de 2016 nas costas do sudoeste europeu e costa de Marrocos, tendo inclusivamente chegado aos Açores em 2019.
Segundo a APA, vários fatores concorrem para estas ocorrências, tais como condições meteorológicas e oceanográficas favoráveis ao desenvolvimento e movimentação das massas de algas. No caso do barlavento algarvio, as algas são típicas dos fundos rochosos (algas castanhas e vermelhas – Phaeophyta e Rhodophyta) que surgem na sequência de correntes propícias ou após vários dias com rajadas de vento constantes, o que impele a subida de águas profundas (ricas em nutrientes, ou seja, propícias para o crescimento acelerado das algas) até à superfície.