Fonte da Reitora da Universidade Católica Portuguesa confirmou ao JN, esta sexta-feira à tarde, que foi recebida uma denúncia de assédio na Provedoria de Ética da instituição, que está a analisar a situação.
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"A Reitoria foi informada da entrada de uma denúncia na Provedoria de Ética (canal estabelecido para este tipo de situações)", adiantou fonte da instituição ao JN. No entanto, não foi esclarecido quem são os visados, quando ocorreu, o teor das queixas ou em que instituição terá acontecido o alegado caso de assédio.
"Essa é a única informação que a Reitoria tem até ao momento. Trata-se , como todos o são, de um processo confidencial e, como tal, está em apreciação pela Provedora de Ética, seguindo-se os procedimentos estabelecidos", adianta a mesma fonte.
A resposta da Reitoria vem na sequência de uma pergunta do JN, que teve acesso a uma carta de membros do Conselho Científico da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa, dando conta da "rápida e profunda degradação do ambiente académico" da escola, nomeadamente nas reuniões daquele órgão.
Confrontada com o teor desta missiva, fonte oficial da instituição argumentou que se tratou de uma "disputa académica".
"Em junho de 2022, a Reitora recebeu uma carta de membros do conselho científico e do diretor da faculdade reagindo a uma disputa académica em sede do referido Conselho. As duas partes foram auscultadas e foram tomadas medidas para mitigar a disputa. A UCP está comprometida com a defesa de um clima organizacional de colegialidade, e situações de forte diferença de visão só podem ser geridas em clima de civilidade e respeito", responderam ao JN.
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Mais casos a surgir
Na sequência da polémica do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra têm surgido vários casos de denúncias de assédio sexual e moral nas universidades portuguesas, como no Instituto Politécnico do Porto ou no Instituto Politécnico de Viseu (que está também a analisar duas denúncias de assédio).
Na semana passada, Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins foram suspensos, a pedido dos próprios, dos cargos que ocupavam no CES. A decisão surge depois das denúncias feitas por três investigadoras no capítulo do livro "Má conduta sexual na Academia", publicado na editora académica Routledge.
As autoras acusam o diretor emérito do CES e o investigador, respetivamente, de comportamentos sexuais inapropriados para com as mulheres na instituição. Mais tarde, duas mulheres afirmaram publicamente ter sido vítimas de assédio por Boaventura de Sousa Santos: a deputada brasileira Bella Gonçalves e a ativista argentina Moira Ivana Millan.
Foi criada uma comissão independente de averiguação das denúncias pelo CES. Mas o Ministério Público de Coimbra não recebeu qualquer queixa relacionada com os dois homens, que negaram os factos relatados no livro internacional. A advogada de três das alegadas vítimas diz ter provas do assédio cometida por Boaventura de Sousa Santos.
O manifesto lançado no passado sábado, 14 de abril, designado "Todas Sabemos", recebeu 850 assinaturas, até ao momento. O objetivo da iniciativa é apoiar todos os denunciantes de casos de assédio.