António Costa tinha acabado de subir a Rua Direita, em Viseu, embalado por quem lhe foi pedindo um país melhor. Num almoço com apoiantes, o candidato socialista a primeiro-ministro acusou o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas de ter cortado no rendimento das famílias e, em contrapartida, ter investido nas cantinas sociais, "a versão moderna da sopa dos pobres".
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"O que sabemos hoje é que um casal com dois filhos, que perdeu 370 euros do Rendimento Social de Inserção (RSI), custa ao Estado, nas cantinas sociais, 600 euros por mês", afirmou Costa.
"O Estado está a gastar mais para as pessoas terem menos liberdade e terem de andar a viver do assistencialismo", acusou, considerando tratar-se de uma opção "errada" do ponto de vista financeiro e da gestão dos dinheiros públicos.
Momentos antes, Costa era aguardado por um homem em cadeira de rodas. Marco Almeida, 35 anos, disse estar livre da droga e queixou-se de sobreviver apenas com o RSI. Mostrou-se disposto a trabalhar num posto adequado à sua condição física. "Sem oportunidades, não consigo. Se puder ajudar-me, agradecia", pediu a António Costa. Já antes, o condutor de uma carrinha aproveitara o cumprimento de Costa : "Arranje-me lá um trabalhinho".
Eram quase 12.30 horas, altura em que o comércio fecha para o almoço. A rua estava deserta e a comitiva entoava: "Costa, amigo, Viseu está contigo". Uma mulher, mais de 60 anos, olhou de soslaio. "Viseu está com todos", disse, sem abrandar o passo. Costa ainda não tinha chegado ao largo Mouzinho de Albuquerque quando uma apoiante desabafava: "Aqui votam todos para o mesmo lado. Isto é tudo PSD, até tenho vergonha".