O secretário-geral adjunto do PS defendeu, esta quarta-feira, que o primeiro-ministro tem "toda a legitimidade" para recusar o pedido de demissão do ministro das Infraestruturas, considerando que, com essa decisão, António Costa provou ser "um líder". João Torres também acusou o PSD de estar "desorientado", criticando a "falta de preparação" do líder social-democrata, Luís Montenegro.
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O dirigente socialista desvalorizou o conflito aberto entre António Costa e o presidente da República, considerando que não é necessário existir "plena convergência e concordância em todos os momentos" entre São Bento e Belém. Nesse sentido, argumentou que o episódio que culminou com a continuidade de João Galamba como ministro não representou mais do que o "normal funcionamento das instituições democráticas".
"Num regime democrático que tem regras, é importante que cada um respeite as decisões que cada agente político pode e deve tomar em cada momento e em consciência", acrescentou João Torres. O presidente da República, recorde-se, disse discordar que Galamba permaneça no Governo.
PSD é "um vazio de ideias"
Respondendo às críticas do líder do PSD - que, horas antes, tinha acusado Costa de "oportunismo" e "teatro político" -, João Torres considerou que essas palavras são "mais do mesmo". "Percebe se a desorientação da Oposição e, em particular, do dr. Luís Montenegro. Mas percebe se mais: percebe se a sua falta de preparação e a sua incapacidade para se apresentar como alternativa", atirou.
De modo a sublinhar aquilo que entende serem as contradições do líder social-democrata, o secretário-geral adjunto do PS lembrou que, após a sessão solene do 25 de Abril, Montenegro afirmou que o PS estava "agarrado ao poder"; no entanto, esta quarta-feira", acusou os socialistas de quererem eleições antecipadas, lembrou João Torres.
"É uma afirmação que apenas revela uma enorme desorientação e que apenas comprova a sua enorme incapacidade de se apresentar como alternativa". Nesse sentido, considerou que o PSD "é, hoje, um vazio de ideias".
O dirigente do PS prosseguiu dizendo que essa "vacuidade", bem como a "falta de sentido construtivo" dos sociais-democratas, não são "surpresa nem novidade". Pelo contrário, confirmam "uma constatação que há muito os portugueses já fizeram", referiu, acrescentando que a Direita "teme a boa governação do país".
O PS foi o último partido a reagir à decisão do primeiro-ministro, comunicada por este na terça-feira, de recusar a demissão do ministro das Infraestruturas. As forças políticas não tardaram a criticar a tomada de posição de António Costa, com Chega e IL, em particular, a pedirem a dissolução do Parlamento.