Os esclarecimentos prestados na sexta-feira pelo primeiro-ministro, no Parlamento, sobre a empresa que fundou com a família, em 2021, não convenceram o Partido Socialista, que insiste em saber quem são os clientes da Spinumviva.
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O vice-presidente da bancada parlamentar do PS admite que Luís Montenegro “procurou responder a várias questões”, mas “não foi totalmente exaustivo”. “Há um conjunto de coisas sobre as quais entendeu não prestar esclarecimentos”, considerou Pedro Delgado Alves, em entrevista à SIC Notícias, frisando que ficaram “dúvidas que ficaram por esclarecer, designadamente o perfil de quem adquiriu serviços a esta entidade”.
O socialista defendeu que o chefe de Governo “incorreu num erro estratégico” ao escolher o debate da moção de censura para prestar esclarecimentos e criticou o facto de Luís Montenegro ter afirmado que só respondia a quem fosse tão transparente como ele. “Não é assim que uma democracia funciona. Há regras sobre transparência, várias delas estão na lei”, indicou Delgado Alves, sublinhando a necessidade em conhecer os clientes e os serviços prestados pela empresa. “Faltam, de facto, um conjunto de questões que o primeiro-ministro tem, com toda a serenidade e todo o tempo, capacidade de esclarecer”, atirou o socialista.
Governar para a elite
Ainda no rescaldo do debate parlamentar, a coordenadora do Bloco de Esquerda considerou ontem que o maior conflito de interesses do Executivo é governar “para uma elite”, dando como exemplo a política de Habitação. “Um Governo que olha para o país a partir dos seus olhos e da sua experiência de privilégio nunca será capaz de entender Portugal”, acusou Mariana Mortágua, depois de uma alusão aos ministros e secretários de Estado que têm ou que tiveram participações em empresas do ramo do imobiliário.
A líder bloquista atacou ainda as declarações de Montenegro na Cimeira Luso-Brasileira, defendendo que o chefe do Governo “acha-se na arrogância de poder escolher a dedo quais são os imigrantes que deseja e não deseja”