Pedro Nuno Santos garantiu, esta sexta-feira, que o PS vai chumbar a moção de confiança e insistiu na criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), desafiando Luís Montenegro a retirar a moção se quiser mesmo evitar eleições.
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“É muito importante que todos nos questionemos hoje sobre quem começou esta crise e porque começou. Se, no final destas duas semanas, nos viramos para o PS a pedir-lhe que se preocupe com a estabilidade do país, isto é um mundo ao contrário”, afirmou Pedro Nuno Santos, “porque se alguém contribuiu para a estabilidade em Portugal foi o PS”. Recordou que este partido chumbou a moção de rejeição do programa eleitoral, viabilizou a eleição do presidente do Parlamento e o Orçamento do Estado, para além de chumbar duas moções de censura em menos de duas semanas.
Diz que “a crise difícil” que o país vive tem como “único responsável” Luís Montenegro. E é o primeiro-ministro que decide apresentar uma moção de confiança, “sabendo de antemão a intenção de voto de todos os partidos”. Ou seja, “decidiu ir para eleições”.
“Não é justo nem correto estar a responsabilizar o PS”, afirmou, notando ainda que “a CPI é fundamental para apurarmos a verdade”, quando a percepção no país é que os serviços da Spinumviva “ou não foram prestados ou não foram prestados pelo valor que foi pago. E isso é gravíssimo”. Além disso, considera inaceitável termos um primeiro-ministro “avençado”.
“Está só nas mãos do primeiro-ministro” e “deste Governo não haver eleições. Não está nas mãos do PS”, garantiu, notando que, desde o dia 10 de março, deixou claro que não aprova uma moção de confiança.
Pedro Nuno Santos registou que mesmo o Governo “não sabe o que quer”, lembrando que o ministro Paulo Rangel pediu ao PS para se abster na moção de confiança para haver uma CPI. Depois, “tivemos o ministro da Coesão Territorial a propor um negócio ao PS: abdiquem da CPI e nós abdicamos da moção de confiança” e, em seguida, “mais dois ministros [Pedro Duarte e Leitão Amaro] a dizerem que abdicar da CPI não é suficiente”, criticou, considerando que o Governo “está desorientado e de cabeça perdida”. E, “em vez de atirar o país para eleições, deveria dar explicações ao país”.
Mesmo assim, o líder do PS diz que existe “margem para não haver eleições” e apela ao primeiro-ministro que, “se está preocupado com a estabilidade do país, não avance com a moção de confiança”. “Nós garantimos que, da nossa parte, não aprovaremos moções de censura”.
“Faço um apelo ao senhor primeiro-ministro para que não avance com a moção de confiança, porque não foi exigida pelo PS”, reforçou. Mas “se está preocupado em evitar uma CPI, então temos mesmo de mudar” de chefe do Governo.
Pedro Nuno Santos não tem dúvidas de que “Luís Montenegro na realidade quer eleições desde o início”. E foi “escolha do primeiro-ministro atirar o país para eleições”.