PSD acusa PS de "falta de vergonha" por querer acabar agora com portagens nas ex-scut
A deputada Emília Cerqueira, do PSD, acusou o PS de "falta de vergonha" por querer acabar com as portagens nas ex-scut agora que está na Oposição, lembrando que os socialistas podiam tê-lo feito quando eram Governo. Antes do debate, o líder parlamentar social-democrata denunciou um alegado "conluio" entre PS e Chega.
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"Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu". Foi desta forma que a social-democrata Emília Cerqueira se dirigiu, esta quinta-feira, ao parlamentar socialista Jorge Botelho, que tinha apresentado o projeto do PS para a "eliminação total" das portagens nas ex-scut. No debate, o Chega confirmou que votará a favor da proposta do PS, o que garantirá a aprovação da mesma.
Emília Cerqueira lembrou que o atual líder do PS, Pedro Nuno Santos, poderia ter posto fim às portagens nas ex-scut quando era ministro das Infraestruturas. Alegando que, para os socialistas, agora "vale tudo" porque estão na Oposição, atirou, dirigindo-se de novo a Jorge Botelho: "Como é possível ter o desplante, o desrespeito e a irresponsabilidade de vir apresentar uma proposta que sempre disse que não era possível?".
Momentos antes, o socialista Jorge Botelho tinha apresentado a proposta do seu partido para eliminar as portagens nas ex-scut "num processo célere, a partir do dia de hoje". De modo a tentar contrariar as acusações sociais-democratas - que vários outros partidos repetiram -, lembrou que o PS tinha esta proposta no programa eleitoral e que "não trairá" quem votou no partido.
Jorge Botelho estimou que a abolição das portagens nas ex-scut tenha um custo de 157 milhões de euros. Procurando mostrar que o PS não descurou o tema quando estava no poder, frisou que o custo das portagens nas vias em causa baixou 65% desde 2011.
PSD fala em "conluio" entre PS e Chega
Cá fora, ainda antes do debate, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, tinha acusado PS e Chega de quererem governar através do Parlamento. Denunciou um alegado "conluio" entre ambos os partidos e propôs reduzir as portagens nas ex-scut, defendendo que o país não tem condições para as abolir por completo.
"Começa a ficar demasiado evidente que o Chega quer começar a governar com o PS a partir do Parlamento. Há um conluio entre o PS e o Chega", sustentou Hugo Soares. Realçou que o partido de André Ventura diz ter nascido "para combater o socialismo" mas "está a unir-se constantemente" ao PS, nomeadamente para aprovar medidas propostas por essa força política.
O social-democrata lembrou ainda que, "há dois ou três dias", o Chega apresentou um projeto de resolução "muito próximo" do do PSD. "Tentou emendar a mão nestes dias, voltando atrás, e agora vem anunciar que vota ao lado do PS", criticou, descrevendo a força política em causa como um "partido cata-vento".
"O que mudou?": Oposição critica timing do PS
Também o BE atacou o Chega, no debate, por ter alterado o seu projeto de resolução em cima da hora. A deputada Isabel Pires acusou o partido de ter reduzido o prazo para a abolição total das portagens nas ex-scut quando percebeu que ficaria "muito mal visto" junto das populações caso não o fizesse.
Da parte do Chega, o líder parlamentar, Pedro Pinto, afirmou que o diploma do PS "é bem-vindo", momento que motivou reações irónicas vindas da bancada do PSD. Tentando defender-se, o deputado recusou que haja qualquer "coligação negativa" com o PS: "A única coligação que temos - e que o PSD não tem - é com o povo português", afirmou.
Carlos Guimarães Pinto, da IL, usou grande parte do seu tempo a elencar as propostas de abolição de portagens que o PS chumbou quando era Governo. No final, quis saber "o que mudou" para que, agora, os socialistas tenham mudado de opinião.
Paula Santos, do PCP, lamentou as "lágrimas de crocodilo" vindas das bancadas do PS e da Direita, lembrando que todos esses partidos votaram quase sempre contra as propostas comunistas para abolir portagens. Dirigindo-se aos socialistas, afirmou que estes não resolveram a questão quando estavam no poder "porque não quiseram".
O diploma do PS pretende acabar com as portagens na A4 (Transmontana e Túnel do Marão), A13 e A13-1 (Pinhal Interior), A22 (Algarve - Via do Infante), A23 (Beira Interior), A24 (Interior Norte), A25 (Beiras Litoral e Alta) e A28 (Minho, nos troços entre Esposende e Antas e entre Neiva e Darque).