O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, afirmou que, se o primeiro-ministro não demitir "imediatamente" o ministro das Infraestruturas, mostra que ele próprio já "se demitiu do país". Em causa está o facto de António Costa ter garantido, esta quinta-feira, que o seu secretário de Estado Adjunto, António Mendonça Mendes, não fez qualquer "sugestão" para que se contactasse o SIS no caso do ministério das Infraestruturas, ao contrário do que João Galamba tinha garantido no Parlamento.
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"O ministro João Galamba mentiu na comissão parlamentar de inquérito (CPI) [da TAP], mentiu aos portugueses e não sou eu que o digo: é o sr. primeiro-ministro que o escreve", salientou Hugo Soares. Costa ilibou Mendonça Mendes nas respostas às 15 questões que o PSD lhe tinha enviado sobre a intervenção do SIS.
"O ministro João Galamba disse, na CPI, que quem lhe sugeriu que fizesse acionar os serviços de informação foi o secretário de Estado Mendonça Mendes", recordou o social-democrata. "Hoje, por escrito, o sr. primeiro-ministro, nega que tenha sido o sr. secretário de Estado Mendonça Mendes a ter sugerido ao ministro João Galamba. Não é possível as duas serem verdade", sublinhou.
Tendo isso em conta, "das duas uma: ou mentiu o ministro João Galamba, ou mentiu o primeiro-ministro", prosseguiu Hugo Soares. E, se tiver sido Galamba a faltar à verdade, Costa só tem de lhe "apontar a porta de saída", argumentou, frisando que não o fazer equivaleria a "permitir tudo, sem retirar qualquer ilação, conclusão ou responsabilidade".
Decisão sobre nova CPI só depois de ouvir Mendonça Mendes
No entender de Hugo Soares, o primeiro-ministro "passou um atestado de incompetência" a Galamba e ao funcionamento do ministério das Infraestruturas. Este episódio é, a seu ver, mais uma prova de como o Governo está "enredado num conjunto de mentiras, desmentidos e jogos de palavras que abalam o prestígio das instituições".
Questionado sobre se o PSD admite a constituição de uma nova CPI, desta vez para apurar a atuação do SIS, Hugo Soares disse não excluir nenhum cenário. Remeteu uma decisão para um momento posterior à audição de Mendonça Mendes na CPI da TAP, que ocorre na próxima terça-feira.
Ainda assim, o dirigente laranja deixou um aviso: "Se temos ministros a mentir numa CPI, com a anuência do primeiro-ministro, colocamos até em causa a utilidade das CPI". Soares revelou ter "a sensação" de que o Executivo "tem interesse em prolongar esta novela", de modo a afastar os holofotes do estado atual do país.