O primeiro-ministro voltou a garantir, esta quinta-feira, que o seu secretário de Estado Adjunto, António Mendonça Mendes, não desempenhou "nenhum" papel na ativação do SIS no caso do ministério das Infraestruturas. Questionado sobre o motivo pelo qual ainda não respondeu formalmente às perguntas do PSD sobre o assunto, António Costa deu a entender que os sociais-democratas ainda nem sequer as entregaram no Parlamento.
Corpo do artigo
De visita à Moldova, o chefe do Governo reiterou que "ninguém acionou" o SIS nem deu quaisquer "instruções" à referida entidade. "Já toda a gente sabe a história: a chefe de gabinete do sr. ministro das Infraestruturas comunicou ao SIS, como lhe competia, ter havido uma quebra de segurança quanto a documentos classificados e o SIS agiu em conformidade", afirmou Costa, lembrando a atuação de Eugénia Correia.
O primeiro-ministro assegurou que Mendonça Mendes não teve "nenhum" papel na ativação dos serviços secretos. Perante a insistência dos jornalistas sobre se o referido secretário de Estado teria, ao menos, sugerido que se recorresse ao SIS, respondeu: "Não percebo por que é que querem fazer
"Como o ministro das Infraestruturas disse e a própria chefe de gabinete já confirmou, foi da sua própria iniciativa que ela telefonou ao SIS", insistiu Costa. A intervenção do SIS "não foi resultado de sugestão do secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro", garantiu. "Isso é claríssimo, já toda a gente disse o mesmo".
O primeiro-ministro não foi confrontado com as declarações do presidente da República, feitas na terça-feira, segundo as quais teria sido Costa a informá-lo da ação do SIS. O primeiro-ministro e Marcelo Rebelo de Sousa terão falado do caso a 29 de abril, embora Costa só lhe tenha falado sobre a atuação do SIS a 2 de maio.
Perguntas do PSD? Costa diz que pagou na mesma moeda
Costa aconselhou a Oposição a "preservar as instituições" e a ter "um mínimo de sentido de Estado" ao comentar o caso do SIS. "Há uma coisa que, aliás me surpreende um pouco: a forma como em Portugal, de repente, se desvaloriza a relevância da quebra de segurança quanto a documentos classificados", frisou.
"Gostava de saber o que a Oposição diria se houvesse uma quebra de segurança de um documento classificado meu e eu não comunicasse às autoridades", prosseguiu o chefe do Governo, recomendando que os seus adversários políticos a "pararem todos um bocadinho para pensar" se estão a agir da melhor forma.
De modo a sublinhar a importância das questões de segurança, lembrou os exemplos recentes de Donald Trump e Joe Biden: "Todos nos recordamos que, muito recentemente, um ex-presidente e o presidente dos EUA foram objeto de investigação porque tinham documentos classificados numa casa de férias ou de fim-de-semana".
Questionado sobre o facto de ainda não ter respondido formalmente às perguntas do PSD acerca do caso do SIS - o Governo não as enviou ao Parlamento mas, na manhã desta quinta-feira, publicou-as no site oficial -, Costa riu-se e utilizou a mesma expressão que, horas antes, o líder parlamentar social-democrata, Joaquim Miranda Sarmento, também tinha usado para descrever o caso.
"Falta de respeito era não ter respondido às perguntas. Eu respondi exatamente pela mesma via pela qual recebi as perguntas", referiu Costa, numa alusão ao facto de só ter sabido delas pela Comunicação Social. Levantou também a hipótese de o PSD ainda não ter enviado as questões: "Dizem-me até - eu não quero acreditar, mas é a informação que tenho - que o PSD nem sequer tinha formalizado ainda as perguntas na Assembleia da República".