PSD diz que apoio "é grande prenda de Natal" mas questiona critérios para futuro
O PSD classificou, esta quarta-feira, o apoio extraordinário anunciado pelo primeiro-ministro como "uma grande prenda de Natal" para as famílias mais carenciadas, mas questionou como vão os portugueses fazer face ao aumento de encargos "em janeiro ou fevereiro".
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Numa declaração política na Assembleia da República, Miguel Santos voltou a acusar o executivo liderado por António Costa de ser "o Governo do empobrecimento" que pode conduzir o país a "uma década perdida", mas fez questão de se referir ao anúncio do primeiro-ministro, em entrevista à Visão, de que será paga uma prestação extraordinária de 240 euros a um milhão de famílias que recebem prestações mínimas ou que beneficiem da tarifa social da energia.
"É uma boa notícia, uma excelente notícia, uma grande prenda de Natal, e para muitas famílias representa a possibilidade de ter um Natal mais feliz, ou de fazer face a encargos e despesas", afirmou.
No entanto, o deputado questionou "quando é que o povo português poderá contar com um novo apoio" e "qual o critério para o erário público ser distribuído de determinada maneira ou de outra".
"Se estes apoios constituem uma folga para as famílias, a verdade é que o país está sujeito a um empobrecimento crescente e contínuo e os apoios pontuais serão auto consumidos", lamentou, questionando como é que os mais carenciados farão face, por exemplo, ao aumento dos encargos com a habitação "em janeiro ou fevereiro".
Pelo PS, a deputada Cristina Mendes da Silva salientou tratar-se de "um apoio extraordinário devido à crise extraordinária" e elencou outras medidas do Governo como a gratuitidade progressiva das creches e os apoios para as crianças em risco de pobreza.
"Acha que estas medidas não valerem nada, qual era a que cortavam?", questionou, repetindo o argumento de que, quando foi Governo, o PSD "cortou pensões, salários e o Complemento Solidário para Idosos".
Pela IL, o deputado e candidato à liderança Rui Rocha questionou o PSD se defende o alargamento destes apoios à classe média, criticando que também esta possa ficar "dependente do assistencialismo" do Estado.
Na resposta, Miguel Santos frisou que o PSD considera "mais justa" a forma como este apoio vai ser distribuído do que o anterior de outubro -- desta vez, apenas às famílias mais carenciadas -- e defendeu que a classe média "precisa de baixa fiscal, de assistência na saúde, de melhores empregos melhores remunerados e o Estado a funcionar", manifestando-se de acordo com a IL.
Pelo Chega, o deputado Rui Paulo Sousa concordou com o diagnóstico do PSD de empobrecimento do país, mas discordou das soluções dos sociais-democratas.
"Pode continuar a destacar as nossas diferenças porque existem mesmo", respondeu Miguel Santos.
O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, e o deputado do PCP Alfredo Maia também alinharam pela classificação de empobrecimento do país, mas defenderam que o PSD não apresenta a soluções corretas.
"O empobrecimento combate-se com mais salário, mais apoios sociais, controlo de preços", defendeu Pedro Filipe Soares, enquanto Alfredo Maia realçou o aumento do Salário Mínimo Nacional ou o combate à especulação e "taxação dos grandes lucros".