O líder parlamentar do PSD acusou hoje o primeiro-ministro de falta de "autoridade moral para pedir moderação", criticando a eleição como secretário-geral socialista e o fingir negociar à direita para depois, "secretamente", chegar ao Governo, apoiado pela esquerda.
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"Nenhum português dá grande relevo a essa declaração, vinda de quem vem. António Costa não tem autoridade moral para pedir moderação no debate político. Vamos recordar o que foi o seu comportamento no último ano e meio, a forma como foi eleito secretário-geral do PS, interrompendo o mandato do seu antecessor, a forma como se apresentou ao país, já vestido na pele de primeiro-ministro, com maioria absoluta no parlamento", afirmou Luís Montenegro.
O deputado social-democrata falava à saída do hemiciclo de São Bento, onde decorre o segundo dia de debate sobre o programa do XXI Governo Constitucional, liderado por Costa, depois de ter sido entregue a moção de rejeição ao documento por parte de PSD e CDS-PP.
"Depois, o que aconteceu com as eleições... perdeu as eleições. Veja depois a indisponibilidade e simulação da sua negociação com os partidos que venceram as eleições [PSD/CDS-PP], a forma como, secretamente, foi fazendo acordos bilaterais com os partidos que hoje suportam o Governo... com este histórico, vir falar de moderação, trata-se, quando muito, de se estar a ver ao espelho, um exercício de 'mea culpa' e dizer a ele próprio que precisa de ser mais moderado", continuou.
Segundo Montenegro, "o PS radicalizou-se do ponto de vista da intervenção política e cívica" e "defende soluções que, ao longo dos anos, vieram a ser afirmadas pelo PCP, pelo BE". Ainda assim, o presidente do grupo parlamentar do PSD desejou uma "convivência democrática saudável", mas recusando "lições de moral".
"Não há nenhum comportamento tático. Queremos firmar uma posição política clara, que revela a forma como o Governo iniciou funções e o erro do caminho que pretende trilhar nos próximos anos, por arrastamento, vai proporcionar que todos os partidos que suportam o Governo revelem a sua união, é a transparência que devia caber ao próprio Governo e ao primeiro-ministro", concluiu.