Direção condenada a suportar serviço das autárquicas de 2017. Lesado "nunca mais" trabalha para partidos.
Corpo do artigo
O PSD pagou uma dívida a um serralheiro depois de ter sido condenado e visto a Justiça penhorar-lhe uma conta bancária. O caso - noticiado pelo JN - tem a ver com um serviço de cartazes nas autárquicas de 2017, em São Pedro do Sul, cuja despesa (6670 euros), o PSD nacional recusou assumir.
"Não disseram nada, mas fizeram a transferência e já pagaram tudo, juros incluídos", confirmou José Luís Correia, que teve de esperar três anos e penhorar uma conta do PSD para que lhe pagassem o serviço.
Mesmo assim, o partido só viria a pagar após o JN noticiar o caso a 24 e 28 de fevereiro e de ter visto o queixoso a recusar receber em três prestações.
"Não me voltam a apanhar noutra. Aprendi a lição. Partidos, nunca mais!", garantiu o filho do dono da serralharia de São Pedro do Sul, Viseu.
A empresa tinha sido contratada pelo PSD local para montar estruturas de cartazes para as eleições autárquicas de 2017. Fez o serviço e apresentou uma conta de cerca de 11 mil euros. O PSD pagou logo 3537 euros. Os problemas começaram quando tentou receber o resto.
11866998
Primeiro, o partido pediu que emitisse nova fatura, com data posterior, para contornar as limitações legais dos orçamentos de campanha. Porém, quando o empresário apresentou a nova fatura, a direção disse que não reconhecia a despesa. E alegou que, mesmo que existisse dívida, os responsáveis seriam o candidato à Câmara de São Pedro do Sul e o mandatário financeiro da campanha.
O caso acabou nos tribunais, que vieram a dar razão ao empresário e condenaram o PSD nacional a pagar. O partido recorreu mas, a 22 de outubro de 2019, a Relação de Coimbra confirmou a decisão da primeira instância.
Apesar da condenação, o partido nunca mais contactou o empresário nem efetuou o pagamento. Só depois de o JN noticiar o caso, a 24 de fevereiro é que o PSD enviou um e-mail ao empresário, mas apenas para pedir o pagamento da dívida em três prestações. O empresário avançou então para a penhora de uma das contas do PSD. Dois dias antes de o dinheiro ser sacado coercivamente, o partido finalmente pagou a dívida.