O PSD reúne-se, na quarta-feira à noite, em Conselho Nacional para iniciar o processo de revisão estatutária, que culminará num congresso a 25 de novembro. Embalado por sondagens que dão, pela primeira vez, o partido à frente do PS e numa fase em que os sociais-democratas se preparam para intensificar a oposição ao Governo, num crescendo rumo às europeias de 2024, o líder do partido, Luís Montenegro, prepara-se para apelar aos portugueses que deem um cartão vermelho a António Costa.
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Na reunião de quarta-feira à noite, espera-se que Luís Montenegro apresente as linhas gerais da revisão estatutária do programa, que poderá ser ultimada na reunião prévia da Comissão Política Nacional. Uma reforma que alguns setores do partido desejam que seja profunda e não "meramente cosmética".
"Tem que haver uma reforma estrutural. Os estatutos nunca foram completamente alterados e estão distantes da realidade atual dos partidos", sustentou, ao JN, um conselheiro nacional, defendendo, por exemplo, primárias para a escolha do líder (eleições abertas a simpatizantes e não apenas a militantes) e a uniformização das datas das eleições das concelhias e distritais.
A reforma estatutária também terá que ser participada, ouvirá Montenegro, havendo quem faça depender disso a apresentação de uma proposta alternativa à do líder. Mas não se espera que o presidente do PSD responda apenas a preocupações com a reforma do partido.
Marcação cerrada
Com um clima de fragilização do Governo e com o surgimento do PSD a subir nas sondagens, espera-se de Montenegro um discurso motivador e um acentuar da oposição à maioria socialista. E é isso que a Direção dos sociais-democratas tenciona fazer, até ao final do ano, com uma marcação cerrada às medidas governativas e a polémicas como as da TAP.
"Será uma oposição mais setorial, num continuo crescendo", apurou o JN. A par disso, os sociais-democratas pretendem intensificar a apresentação de propostas alternativas às do Governo, a exemplo do que fizeram com o pacote da habitação, para comprovar que são credíveis para governar.
Trata-se de uma estratégia já a pensar nas europeias do próximo ano, eleições onde a tónica será colocada no pedido aos portugueses para darem "um cartão vermelho" ao Governo.