Agências queixam-se da subida de custos por causa da guerra. GNR fiscaliza fronteiras até dia 17.
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Milhares de estudantes começam, a partir desta terça-feira, a rumar a Espanha, após dois anos sem viagens de finalistas. A PSP vai voltar a enviar agentes para os principais destinos para apoiar na vigilância. A GNR reforçará a fiscalização de estradas e fronteiras. As agências garantem que tiveram de assumir os aumentos de preços, sobretudo de combustível, provocados pela guerra.
Como em anos anteriores à pandemia, a PSP vai enviar agentes a Espanha, confirmou o JN. A GNR anunciou a operação Spring Break e até dia 17 vai, em coordenação com a Guardia Civil espanhola, reforçar a fiscalização de fronteiras terrestres (Vilar Formoso, Caia, Vila Real de Santo António, Miranda e Quintanilha) com o objetivo de detetar ilícitos associados ao consumo de estupefacientes e garantir as condições de segurança do transporte dos alunos.
registo de desistências
Em novembro, Orlando Sagaz Pinto, diretor-geral da Sporjovem, tinha oito mil reservas para Marina d"Or. Uma procura que o levou a anunciar que, ao fim de oito anos, a agência ia conseguir, pela primeira vez, esgotar a capacidade do resort (quatro hotéis e 24 blocos de apartamentos) só com alunos portugueses. No entanto, desde fevereiro, após a confirmação da insolvência de duas agências que não reembolsaram as famílias pelas viagens não realizadas em 2020, registou cerca de duas mil desistências.
"Mais do que a pandemia ou a guerra, a descredibilização do mercado provocada por essas duas insolvências dolosas foi a principal razão para as desistências. Chegámos a reunir com diversos pais que nos disseram que tinham perdido o dinheiro da viagem do filho mais velho e que agora já não deixariam ir o mais novo". Da Covilhã, por exemplo, aponta, um dos locais onde um grupo de pais interpôs queixa-crime contra a agência Xtravel, "não vai um único estudante".
"Queimaram o mercado das viagens de finalistas e as agências que respeitaram os compromissos é que levam por tabela", lamenta, sublinhando que, ainda assim, conseguiram "voltar a montar a maior operação de turismo" desde 2019.
A Megafinalistas esgotou os dois pacotes para Barcelona (Rebel Village) e Andorra (Sumol Snowtrip), garante o diretor. O problema, revela Tomás Andrade, são os "aumentos brutais" que a agência teve de assumir por já não poder atualizar as viagens contratualizadas em outubro ou novembro.
Além da subida do preço dos combustíveis, por causa da guerra, "que atingem viagens de mil quilómetros, o maior problema das últimas semanas foi conseguir o segundo motorista para cada autocarro", explica Orlando Sagaz Pinto. "Tivemos enorme dificuldade por muitas empresas terem reduzido os quadros durante a pandemia e pagámos mais 1200 euros por autocarro do que o valor inicialmente orçamentado", acrescenta, referindo que as agências tiveram de arcar este ano com o prejuízo, mas que as viagens devem aumentar no próximo ano.
Para o presidente da Confederação de Pais (Confap), a ansiedade e preocupações das famílias, este ano, aumentam com a pandemia "que ainda não passou". "Há um sentimento generalizado de que se pode retomar uma certa normalidade. Temos de os deixar ir mas com mais cuidado e responsabilidade", sublinha Jorge Ascenção.