Avaliação intercalar de 2018 da APA classifica apenas 46% das massas de água com estado "bom", quando em 2015 eram 53%. Meta para 2021 é de 76%.
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A qualidade das massas de água superficiais deteriorou-se, com particular relevância nas regiões hidrográficas do Tejo, Douro e Vouga. Isso mesmo comprovam os resultados da avaliação intercalar de 2018 levada a cabo pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ao estado das massas de água. A seca e a intensificação da agricultura estão entre as explicações avançadas para a perda de massas de água classificadas com estado "bom". De 53% (2015), passaram a 46%.
Diminuição que coloca o país a 30 pontos percentuais do objetivo de chegar ao próximo ano com 76% das massas de água classificadas com estado "bom" . "Um longo a caminho a percorrer", reconhece a APA no seu relatório, mas "comum a todos os países da Europa". Ao JN, o vice-presidente daquela agência, Pimenta Machado, frisa que "Portugal está na média europeia".
Já no que às águas subterrâneas diz respeito, a monitorização levada a cabo entre 2014 e 2017 confirmou, no terreno, também uma deterioração, com 76% daquelas águas com estado "bom", contra 84% em 2015. Aqui, as maiores perdas verificaram-se no Guadiana, no Sado e no Tejo.
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Entre as causas possíveis para a perda de qualidade das águas dos nossos rios, a APA aponta "o período de seca que se fez sentir" naquelas regiões "e a intensificação da agricultura". Acresce, sublinham, que no período em que aquela monitorização foi levada a cabo "não era possível aferir os efeitos das medidas que estão a ser implementadas, definidas no Plano de Gestão de Região Hidrográfica em vigor". Por último, aquela avaliação incluiu mais parâmetros e uma maior frequência, adotando o princípio "one out - all out" que define que "o estado seja determinado pelo elemento de qualidade que apresenta pior classificação".
Um terço do Tejo está "bom"
É a região hidrográfica que regista a maior perda de massas de água superficiais em "bom" estado. No Tejo, apenas um terço atingiu o "bom" estado, quando o objetivo é chegar aos 72% já no próximo ano. Sendo importante salientar que a monitorização foi feita antes das descargas de 2018 naquele rio e que levaram a um défice de oxigénio na água do Tejo.
No seu relatório, a APA avança "o período de seca que assolou o nosso país durante o período de 2014 a 2017" como o motivo que, "talvez, mais contribuiu para esta diminuição" no Tejo. Na medida em que levou à redução de "caudais e, consequentemente, da capacidade de autodepuração, o que aliado à retoma económica e ao aumento das pressões, pode estar na base desta diminuição".
As mesmas explicações são avançadas para o decréscimo de 15% registado no Douro, agora com 55% das massas de água superficiais com "bom" estado. Ao que acresce, precisa a APA, o facto de a avaliação intercalar incluir "ainda um grande número de massas de água com análise pericial, cujo estado poderá ser retificado com a monitorização de 2018 e 2019", que está a ser feita por um consórcio constituído por quatro universidades, conforme o JN noticiou.
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Curiosamente, a região hidrográfica com maior incremento de qualidade das suas massas de água foi a das Ribeiras do Algarve, a braços atualmente com um problema de escassez de água devido à seca que se faz sentir naquela região.
76% é a meta definida, globalmente, em termos de massas de água superficiais classificadas com estado "bom". São 30 pontos percentuais de diferença face ao estado atual.
Nova monitorização
Foi intensificada e está em curso uma nova avaliação. A expectativa é verificar "se as medidas realizadas estão, efetivamente, a ter o efeito esperado".
Estações de controlo
Portugal tem hoje 817 estações de controlo, das quais 256 são hidrométricas (medem cotas ou caudais) e 561 meteorológicas (monitorizam, por exemplo, a precipitação).
