Qualidade do ar em Lisboa está a piorar, Porto e Braga abaixo do limite por pouco
A qualidade do ar está a piorar em Lisboa, denuncia a associação ambientalista Zero, que lamenta, neste Dia Nacional do Ar, a falta de medidas para tornar a mobilidade mais sustentável e reverter a situação na capital. Porto e Braga estão abaixo do limite legal, mas por pouco.
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Após uma melhoria na qualidade do ar, em 2020 e 2021, devido aos constrangimentos provocados pela pandemia, a poluição provocada pelos automóveis voltou a aumentar. Entre 1 janeiro e 6 de abril deste ano, os dados preliminares recolhidos pela estação de monitorização da Avenida da Liberdade, em Lisboa, apontam para um valor médio de dióxido de azoto (um poluente atribuído principalmente à combustão dos motores a diesel) de 48 microgramas/m3, três microgramas/m3 acima da média registada em 2022. São valores acima dos 40 microgramas/m3 máximos previstos na legislação europeia e muito superiores aos 10 microgramas/m3 recomendados pela Organização Mundial da Saúde para se evitarem problemas de saúde, sobretudo respiratórios.
No Porto (Praça Sá Carneiro) e Braga, as estações de medição em locais de tráfego revelam, no primeiro trimestre do ano, valores médios de aproximadamente 36 e 35 microgramas/m3, respetivamente.
Ismael Casotti, da Zero, alerta para a necessidade de se "atualizar a Zona de Emissões Reduzidas de Lisboa e criar uma Zona de Emissões Zero no centro", condicionando o acesso de veículos (exceto residentes e serviços essenciais), sobretudo dos mais poluentes. Os locais que não cumprem os limites têm de avançar com medidas, mas Lisboa, que criou um Plano de Melhoria de Qualidade do Ar em 2019, "não tem ainda programa de execução".
Excesso de ozono motiva avisos
Na capital, as excedências de ozono (afeta as vias respiratórias) em estações monitorizadas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo obrigaram a emitir avisos em 17 dias nos últimos cinco anos: três dias em 2022, nenhum em 2021, oito em 2020, quatro em 2019 e dois em 2018. Outros avisos, devido a poeiras do Norte de África, foram feitos pela Agência Portuguesa do Ambiente e Direção Geral de Saúde.
Também na região centro, onde a rede é composta por nove estações, apenas têm sido registadas excedências aos valores limiares relativos ao poluente ozono, que motivaram, nos últimos cinco anos, um total de seis alertas (três em 2018, um em 2019, um em 2020 e outro no ano passado), por se ter excedido o limite de 240 microgramas/m3. Houve, depois, várias situações em que os níveis atingiram o limiar de informação, de 120 microgramas/m3.
O ozono é um "poluente secundário que resulta das reações químicas de poluentes percursores que se encontram presentes na atmosfera, nomeadamente óxidos de azoto e compostos orgânicos voláteis, os quais podem ter uma origem antropogénica ou natural e podem mesmo resultar do transporte de massas de ar provenientes de outras zonas", explica a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro. Os valores mais altos são habitualmente registados nos períodos mais quentes do ano.
O JN não conseguiu obter dados em tempo útil das restantes CCDR.