Começa a ser o indicador de ouro, aquele a que todos se agarram como se fosse uma luz, aquela que teima em surgir ao fundo do túnel em que se transformou a pandemia de uma doença respiratória que parou, literalmente, o Planeta.
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É o dos internados nos cuidados intensivos. Cresce, inexoravelmente, dia após dia. Mas está a crescer mais lento nos países que se transformaram na alcova de um vírus indomável.
Em Itália, dizem, esse número diz-nos que está a aliviar a pressão sobre os hospitais. E é isso, apenas isso, que todo este combate visa: hospitais mais aliviados permitirão acudir a mais casos críticos com sucesso. E fechar meio Globo em casa é a forma de reduzir a multiplicação de doentes, de reduzir a multiplicação de pneumonias severas, de reduzir a tensão. Porque o resto ainda está aí para durar.
França: "Não relaxar"
"Estamos a entrar no período em que podemos avaliar o impacto do confinamento", suavizou ontem diretor-geral da Saúde francês, Jérôme Salomon, depois de semanas a desfiar balanços trágicos. E referiu as últimas 24 horas: 176 entradas nos serviços intensivos, atirando o total das camas de reanimação ocupadas para 6838, um "recorde na história médica francesa". Também é ele que o afirma. Temperando: "A necessidade de encontrar novos lugares (nos intensivos) aumenta cada dia mais devagar". Manter esta tendência implica "não relaxar".
As mortes, quanto a elas, deverão continuar a somar-se, porque só esta semana França começou a contabilizar as mortes fora dos hospitais: são já 2028 as vítimas confirmadas como positivas para o coronavírus falecidas em lares. Mas são mais de dez mil em França e este número ainda só reúne uns 3500 estabelecimentos.
Itália: O rigor impõe-se
O cenário replica-se, para melhor ainda, em Itália. Apesar de continuar a somar números trágicos de mortos (mais 681 ontem, já longe do recorde de 969), vê mesmo diminuir o número de camas ocupadas nos cuidados intensivos: 3994 no sábado, contra as 4068 de sexta-feira. Cabe a Antonio Borrelli, responsável da emergência e rosto da crise sanitária em Itália, defender a manutenção de condutas rigorosas de isolamento social. Para que não se perca o que parece estar, finalmente, a ganhar-se. O lento regresso da sociedade à normalidade talvez só arranque em meados de maio.
Espanha: Um raio de luz
Espanha, apenas ligeiramente atrasada face a Itália no avanço da pandemia, começa a saudar a redução no ritmo da mortalidade, dos internamentos (975 no sábado, menos de metade do habitual nos últimos dias) e dos ingressos em cuidados intensivos, no sábado fixados em 116, o número mais baixo desde que a crise entrou na fase da hecatombe.
É "um raio de esperança". "Sabíamos que o efeito das medidas (de confinamento) tardariam semanas. Estamos a vê-los agora", resume María José Sierra, do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias.