A perceção de infelicidade e nervosismo cresceram após pandemia de covid-19, apontam resultados nacionais de um estudo coordenado pela Organização Mundial da Saúde.
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A perceção de infelicidade dos jovens portugueses aumentou desde 2018, ano em que 13,3% afirmou não se sentir feliz. Em 2022, e segundo os resultados nacionais do estudo sobre a saúde em crianças de idade escolar, coordenado pela Organização Mundial da Saúde, 27,7% dos adolescentes portugueses sentiam-se infelizes e 17,9% tinham dificuldades em adormecer todos os dias. A análise, que contou com a colaboração da Direção-Geral da Saúde, é apresentada esta quarta-feira, em Lisboa e estuda os estilos de vida dos mais novos em várias vertentes.
Apesar de alguns indicadores apontarem para um agravamento do bem-estar psicológico dos mais novos em Portugal, a maioria (72,3%) "considera-se feliz", revela o estudo. "22,8% menciona que quando tem uma preocupação intensa, esta "não o larga" e "não o deixa ter calma para pensar em mais nada"".
As sensações de nervosismo, irritação ou mau humor, a tristeza e o medo aumentaram em cinco anos, o que pode estar relacionado com os efeitos da pandemia de covid-19 e as menores interações sociais que ocorreram durante os períodos de confinamento. Mais de 30% aponta que a saúde mental foi a principal área afetada pela SARS-CoV-2.
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Relativamente ao sono, "mais de metade referiu falta de qualidade" no descanso à noite, nomeadamente "dificuldades em adormecer, dormir demais, acordar cedo demais e acordar a meio da noite". Quase metade "dorme menos de 8 horas/dia durante a semana", sendo que 55,8% consegue compensar as horas de sono ao fim de semana.
Sobe toma de fármacos
Houve também mais jovens a queixarem-se de dores de costas e de cabeça. "Quase um quinto (18,8%) dos adolescentes refere ter uma doença prolongada, problema de saúde ou incapacidade diagnosticada por um médico, dos quais 54,5% diz ter necessidade de tomar medicação", apontam os investigadores. A análise em Portugal reuniu respostas de 5809 jovens do 6.º ao 10.º anos de escolaridade.
Os aumentos mais notórios na toma de fármacos foram de vitaminas ou suplementos e de medicamentos para o nervosismo, a dificuldade em adormecer e a tristeza. "A percentagem de jovens que referiu que a medicação tomada foi receitada por um médico reduziu de 73,8% em 2018 para 60,3% em 2022", conclui o mesmo estudo.