Chamadas para linhas de atendimento crescem 32%. Situações de risco representam entre 3% e 8% do total.
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As chamadas para as linhas de crise e apoio psicológico aumentaram, em média, 32,21% de 2019 para 2021. No total das seis associações analisadas pelo JN, foram recebidas 23 986 chamadas no ano passado, em contraste com as pouco mais de 16 mil anuais registadas antes da pandemia. Em 2020, foram contabilizadas pouco mais de 22 mil chamadas. Nas três entidades em que foi possível obter dados atualizados, o primeiro semestre deste ano registou uma quebra de chamadas na ordem dos 5,54%, comparativamente ao período homólogo de 2021.
A vice-presidente da linha SOS Voz Amiga realça que, além do aumento de chamadas durante a pandemia, são cada vez mais os adolescentes a pedir ajuda. A maioria por se sentirem sós. A solidão é, aliás, o sentimento mais comum apontado por Manuela Borges, que garante que não são apenas os idosos que o sentem. "Não há um padrão de idade ou nível socioeconómico para quem se sente sozinho", diz.
Apesar do aumento no número de pedidos de ajuda, Manuela Borges não considera que a única justificação seja o aumento de problemas do foro psicológico. Poderá ser, indica, um reflexo da promoção da saúde mental e de uma maior consciencialização para a necessidade de pedir ajuda.
Os comportamentos suicidários não representam uma fatia significativa dos pedidos de ajuda, realça. Em todas as linhas analisadas, durante o ano passado, as chamadas consideradas de risco, relacionadas com tentativas de suicídio, intenção suicida ou ideação suicida, representaram entre 3% e 8% do total. São seis as principais linhas de crise existentes atualmente em Portugal. A SOS Voz Amiga funciona das 15.30 horas às 00.30 horas (213 544 545); a Conversa Amiga, das 15 às 22 horas (210 027 159); a Vozes Amigas da Esperança, das 16 às 22 horas (222 030 707); Telefone da Amizade, das 16 às 23 horas (228 323 535); Voz de Apoio, das 21 às zero horas (225 506 070); SOS Estudante, das 20 à 1 hora, durante o período letivo (239 484 020).
Entre a uma hora da manhã e as 15 horas da tarde não há qualquer linha de crise em funcionamento. Durante os períodos da noite e da manhã, o único apoio existente está por conta do SNS24 ou da linha de emergência 112, que encaminha os pedidos para o CAPIC. A dirigente Manuela Borges alerta para as vezes em que os próprios serviços de emergência médica encaminham os pacientes para as linhas de crise.
A linha Voz de Apoio oferece atendimento por chat, presencial ou por e-mail, meio que teve um aumento de 54,55% de 2019 para 2021, mostrando que os meios diferidos foram mais procurados durante a pandemia.