Quase 70% dos portugueses já usaram a internet para contactar com os serviços públicos, através dos sites ou aplicações dos organismos. No país, 89% das famílias têm acesso à internet e a maioria têm televisão por subscrição. Só um terço têm TDT. Trata-se, sobretudo, de agregados sem crianças e com menos recursos.
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Os dados, divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), constam no Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias. De acordo com o documento, este ano, "69,6% das pessoas dos 16 aos 74 anos utilizaram a internet nos 12 meses anteriores à entrevista para contactarem com organismos públicos, acedendo aos websites ou aplicações destes organismos". É um crescimento de 0,9 pontos percentuais face a 2022.
A par do acesso a websites ou aplicações de organismos públicos para consultar informação pessoal ou obter informações, os portugueses também usaram a internet para pedir certificados, documentos oficiais, subsídios e fazer a inscrição ou a matrícula em escolas. Houve também quem fizesse download de formulários ou certificados oficiais, quem agendasse atendimentos ou consultas médicas e quem entregasse a declaração de IRS.
De Norte a Sul do país, 89% das famílias têm acesso à internet em casa, sendo que "as taxas de acesso são superiores entre as famílias com crianças até 15 anos do que nas famílias sem crianças". Cerca de 88,3% têm acesso a televisão por subscrição e apenas 33,1% têm TDT. São, essencialmente, agregados sem crianças e com menores recursos económicos.
"Se compararmos com o nível de acesso existente em Portugal em 2010, o acesso à internet em casa e o acesso através de banda larga em casa aumentaram mais de 35 pontos percentuais, reduzindo-se a diferença em relação aos níveis de acesso registados na média europeia", lê-se no relatório do INE.
Comunicar e aceder a informação continua a ser a principal atividade realizada pelos utilizadores da internet: 92,2% trocam mensagens, 87,5% enviam ou recebem e-mails, 85,3% pesquisam informação sobre produtos ou serviços, 82,4% telefonam ou fazem chamadas de vídeo, 79,7% leem notícias e 79,3% participaram em redes sociais.
Comércio online cresce, mas continua aquém da média da União Europeia
Quase 44% das pessoas entre os 16 aos 74 anos fizeram compras pela internet nos três meses anteriores à realização do inquérito sobre a utilização de tecnologias pelas famílias. Trata-se de um aumento de 1,2 pontos percentuais face a 2022. Ainda assim, "Portugal continua a apresentar níveis de utilização de comércio eletrónico mais baixos do que a média da União Europeia". Em 2022, a média da União Europeia neste indicador rondava os 56%.
No geral, há mais mulheres a comprar online do que homens. Na lista de produtos ou serviços encomendados ao longo deste ano constam, tal como em anos anteriores, peças de roupa, calçado, acessórios de moda, refeições em takeaway, entregas ao domicílio, filmes, séries e programas de desporto em formato digital.
O inquérito revela, ainda, que 56% dos portugueses têm competências digitais: quase 26% dos jovens e adultos entre os 16 aos 74 anos têm conhecimentos básicos e 30% acima. A proporção de homens com conhecimentos digitais é mais elevada do que nas mulheres. A Área Metropolitana de Lisboa e a região do Algarve são as zonas com mais pessoas a dominar estas competências. Em contrapartida, o o "Alentejo é a região onde a proporção de pessoas com este nível de competências é mais baixo".