Entre janeiro de 2019 e o mês passado houve 21 mortos. Agosto é o mês com mais ocorrências envolvendo quadriciclos. Incumprimento das regras e sobrelotação são das principais causas.
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Entre janeiro de 2019 e o final de agosto deste ano, os quadriciclos, em que se incluem as motos-quatro, provocaram, pelo menos, 784 acidentes com vítimas, entre as quais 21 mortos. Agosto é o mês com mais ocorrências, por a moto-quatro "ser um veículo de utilização mais sazonal e mais dedicado ao lazer", de acordo com a GNR. Já quem é aficionado destes pesados de quatro rodas, como Arnaldo Martins, acrescenta a chegada dos emigrantes "sem experiência" como justificação para o aumento da sinistralidade.
Segundo os dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) disponibilizados ao JN, em 2019, houve 347 acidentes, que resultaram na morte de 12 pessoas. Entretanto, a pandemia aligeirou o número de ocorrências e, no ano passado, os quadriciclos foram responsáveis por 288 acidentes com cinco mortes. As estatísticas provisórias deste ano, entre janeiro e junho, contabilizam 97 sinistros com duas vítimas mortais. A estes números há a acrescentar as ocorrências registadas pela GNR, em julho e agosto, e que apontam para mais 22 acidentes com dois mortos. Assim, entre o início de 2019 e o último mês, há um total de 784 acidentes e 21 óbitos, assim como mais de 900 pessoas feridas, entre situações graves e leves.
"Agosto é o mês com mais ocorrências e isto pode ser explicado pelo facto de a moto-quatro ser um veículo de utilização mais sazonal. Por outro lado, o bom tempo favorece a utilização deste tipo de veículos. Havendo maior circulação de veículos, a probabilidade de acidentes é maior", afirma o major Pedro Barrete, da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária da GNR, sublinhando que os desastres envolvendo crianças e jovens podem ser justificadas pelo incumprimento das regras de segurança. "Uma delas é o limite de pessoas transportadas. A lotação é excedida", exemplifica.
Apertar regras para crianças
De acordo com a ANSR, os despistes e colisões são a causa da maioria dos acidentes envolvendo quadriciclos. Segundo Pedro Barrete, "a perda de controlo do veículo, associado à falta destreza do condutor", sobretudo ao curvar o pesado, têm explicado grande parte das ocorrências. "Os condutores devem ser conscientes e responsáveis, devem ter alguma maturidade para a condução em ambiente rodoviário", alerta o major, sublinhando a importância de utilizar o capacete, que é obrigatório, mas também o equipamento adequado, como luvas e fato. "A verificação das condições do veículo, não exceder a lotação e, quando circular em grupo, ter em atenção às distâncias de segurança" são outras recomendações.
Para Manuel João Ramos, da Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, falta "formação e sensibilização para os riscos". "Os direitos das crianças são postos regularmente em causa, devia haver legislação mais restritiva, multas e condenações mais pesadas para quem põe a vida de crianças em causa", defende.
Segundo a ANSR, o Porto é o distrito com maior número de acidentes com vítimas, com 80 ocorrências em dois anos e meio. Seguem-se Braga e Aveiro.