Ministro Manuel Pizarro diz que já assinaram 177 Câmaras e considerou que este é um passo importante para “melhorar as condições” dos utentes, num país “doentiamente centralista”.
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O ministro da Saúde sublinhou, este sábado, a importância da descentralização num país “doentiamente centralista”. Manuel Pizarro, que falava na inauguração da requalificação de uma Unidade de Cuidados de Saúde na Gafanha da Encarnação, Ílhavo, adiantou que 88% das autarquias já aceitaram esta competência.
“Portugal é um país doentiamente centralista”, mas o Governo colocou “em marcha” um processo de descentralização que, “estando longe de ser perfeito e estando longe de estar completado, é um grande passo a favor de melhorar as condições às pessoas nas várias áreas”, já que é quem está “mais próximo” que consegue dar uma resposta mais célere e adequada. O processo “foi muito exigente” e implicou negociações com cada uma das Câmaras, assumiu Manuel Pizarro. Até agora “assinaram o auto da descentralização 177 das 201 Câmaras”, o que equivale a 88%, mas o ministro disse só ficar “satisfeito” quando tiver 100%.
Há dias, o JN noticiou que isso é decisivo para o terceiro pagamento do Plano de Recuperação e Resiliência.
A descentralização tem enfoque em áreas como a gestão dos equipamentos e colocação de assistentes operacionais, deixando para a política nacional matérias como os médicos e medicamentos.
Segundo o ministro, os cuidados de saúde primários são importantes para “resolver um dos problemas mais sérios do SNS [Sistema Nacional de Saúde] que é o problema do Serviço de Urgência”. É preciso “assumir” que em Portugal a utilização deste serviço é “desproporcionada”, explicou, apontando números. “Em Portugal, em 2022, por cada 100 habitantes, houve 67 episódios de urgência”, quando “na média dos países desenvolvidos, há 27 episódios”.
Esforço adicional
Nos hospitais em Portugal, especificou, “dois terços da força de trabalho está localizada nas urgências”. A urgência, insistiu Pizarro, deve estar reservada para os casos que são efetivamente urgentes, pois, os médicos, enquanto estão naquele serviço, “não estão a dar consultas ou fazer cirurgias”. Os casos não urgentes devem ser tratados nos cuidados de saúde primários, daí o esforço de melhoria e apetrechamento destas unidades.
A sobrecarga dos serviços de urgência implica um “esforço adicional” de médicos, da emergência pré-hospitalar bombeiros e “incómodo” para os cidadãos, mas “a resposta tem sido dada”, garantiu o governante. A expectativa é que na próxima semana haja “menos dificuldades”, sobretudo depois do “acordo” com os sindicatos.
Questionado sobre as declarações do presidente da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, que considerou que a “operação Nascer em Segurança no SNS tem sido um absoluto fracasso" e pretende avançar com a avaliação de 50 maternidades, o ministro mostrou-se surpreendido e disse que precisa “avaliar o fundamento técnico”. “A informação que nós temos é que os resultados em matéria de saúde materno-infantil se mantêm estáveis no país”, referiu.
Pizarro vê com bons olhos a “contribuição técnica” da Ordem dos Médicos na resolução de “constrangimentos” existentes. “Persistem no pais maternidades privadas que, com um número muito baixo de partos, fazem 100% dos partos em cesariana. Espero que a Ordem dos Médicos nos ajude a lidar com este problema”, acrescentou.
Apelo à vacinação
Manuel Pizarro aproveitou a ocasião para fazer um apelo à vacinação., adiantando que, pela primeira vez, o ministério colocou a vacinação mais próxima das pessoas. Este ano as pessoas com indicação (mais de 60 anos) podem-se vacinar em mais de mil centros de saúde e nas mais de 2500 farmácias que aderiram. Estamos muito satisfeitos”, disse. “Somos o país da Europa com maior percentagem de pessoas vacinadas contra a gripe e a covid-19.
A campanha de vacinação sazonal este ano tem “corrido muito bem”, disse o ministro, considerado que foi “sagaz” a ideia de associar as farmácias aos centros de saúde nesta campanha.
“Nas pessoas acima dos 70 anos, estamos quase nos 80% das pessoas vacinadas”, percentagem que desce “um bocadinho” na faixa dos 60 a 70. Já foram “completados os circuitos dos lares de idosos” e agora estão a “intensificar esforços para que a população entre os 60 e 70 anos também se vá vacinar”.