Ómicron está a contagiar depressa e casos não estão a ser todos diagnosticados. Mais de 13 mil inscreveram-se para voto ser recolhido em casa ou nos lares.
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O país vai atingir em breve o patamar de um milhão de infetados e isolados. No boletim de domingo da Direção-Geral da Saúde, 968 672 estavam confinados: 489 789 eram casos ativos e 478 883 eram contactos em vigilância. No dia das legislativas, a 30 de janeiro, o número deverá ser maior, mas o epidemiologista Carmo Gomes defende que traçar um cenário é como "acertar na lotaria". Recorde-se que houve quatro dias consecutivos (até sábado) acima dos 50 mil casos diários.
"Uma grande parte dos casos que estão ocorrer de ómicron nem sequer temos conhecimento deles. A percentagem de assintomáticos ainda é maior do que na delta [variante]. E também não temos a certeza de que todas as pessoas estão a cumprir escrupulosamente o isolamento", refere. Desde o dia 1 de janeiro, 832 179 pessoas testaram positivo.
900 mil são eleitores
O matemático Carlos Antunes prevê que o número de isolados cresça até às eleições para um milhão e 400 mil, sendo que 900 mil serão eleitores (pessoas acima dos 18 anos). "São números que estão em constante mudança, porque têm sofrido revisões em alta nos últimos dias, dada a dimensão de aumento de casos".
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O medo de contágio foi uma das razões que levaram muita gente a inscrever-se para votar ontem em mobilidade. Alguns dos eleitores referiram ao JN a vontade de querer evitar o contacto com pessoas positivas à covid-19. Recorde-se que no próximo domingo todos os que estejam em isolamento têm "luz verde" para sair de casa e exercer o direito de voto. O Governo recomenda que o façam ao final da tarde, entre as 18 e as 19 horas.
Outra das soluções é a recolha do voto ao domicílio, cujo prazo de inscrições terminou ontem e decorre terça e quarta-feira. Ao JN, o Ministério da Administração Interna revelou que, até às 18 horas, 13 010 eleitores registaram-se: 12 651 vivem em lares e 359 estão em confinamento.
8 milhões de infetados
Para Carmo Gomes, a subida de casos é explicada pela "disponibilidade do hospedeiro, ou seja, a exposição das pessoas ao vírus" que, com o regresso das aulas presenciais e o fim da obrigatoriedade do teletrabalho, "torna difícil de modelar matematicamente". Apontar números "é dar um tiro no escuro", afirma.
Também Carlos Antunes reconhece que indicar estimativas fará cada vez menos sentido, porque "a gravidade é bastante inferior, devido à variante [ómicron] e à elevada cobertura vacinal". O que abre a discussão, que já está a ser feita em Espanha, para vigiar a covid-19 como se fosse a gripe.
Segundo os cálculos do matemático, até ao final de março, mais de 5 milhões de pessoas, desde o início da pandemia, vão testar positivo ao vírus. Com os casos que não são diagnosticados, o patamar pode superar os 8 milhões. A dose de reforço continua a ser importante para "repor os níveis de proteção", conclui.
29 de novembro
No dia em que foram confirmados os primeiros casos da variante ómicron (13 na equipa da Belenenses SAD), a DGS contabilizava 54 368 ativos em Portugal. Havia 111 pessoas internadas nas unidades de cuidados intensivos.