Relatório mostra evolução entre 2009 e 2020. Registos estão mais concentrados a norte, na indústria transformadora e na construção.
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Milhões de dias de trabalho são perdidos todos os anos devido aos acidentes em contexto laboral, sobretudo nas indústrias transformadoras e na construção civil, havendo uma predominância na Região Norte. Em 2020, segundo o Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP), o total aproximou-se dos 4,4 milhões.
O relatório daquela estrutura do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social traça a evolução de 2009 a 2020, ano em que os acidentes de trabalho foram 156 mil (131 mortais), dados que abrangem Portugal e o estrangeiro (que corresponde a 2796 acidentes).
O Norte concentra quase metade, mais de 60 mil, seguindo-se o Centro com quase 40 mil e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) com 32 462.
Também nos dias de trabalho que se perdem, o Norte está em primeiro com 1,6 milhões. Em segundo, está o Centro com 994 mil, seguido da AML, com quase 986 mil. E lideram os distritos do Porto e de Lisboa, respetivamente com 831 e 807 mil.
Menos numa década
Quando o GEP analisa os acidentes de trabalho por escalão de dias perdidos, verifica-se que domina o período de sete a 13 dias, com 28 414 ocorrências. Porém, há quase 42 mil acidentes em que não foram apurados os totais de dias perdidos.
O número de acidentes caiu significativamente quando comparados os anos de 2009 e 2020: passou de 271 392 para 156 mil. A Autoridade para as Condições do Trabalho apresenta, entretanto, a estatística sobre os acidentes até dezembro de 2022.
A mesma tendência verificou-se ao longo dos anos no total de dias perdidos, que baixou de 6,6 milhões em 2009 (o número mais alto de todos os anos em análise) para cerca de quatro milhões (4 389 303 dias perdidos) em 2020. No penúltimo ano em análise, 2019, foram 4,8 milhões.
Por conta de outrem
Se atendermos à dimensão da entidade empregadora, constatamos que o maior número de dias perdidos concentra-se em empresas que apenas têm entre um a nove trabalhadores, seguindo-se, curiosamente, o outro extremo, a partir das 500 pessoas.
É sobretudo atingida a categoria de operários, artífices e similares: perdeu, em 2020, perto de 2,3 milhões de dias, mais de metade do total. O número é semelhante a 2009, quando foram menos 42 mil.
A grande maioria dos afetados em termos da perda de dias de trabalho são trabalhadores por conta de outrem: 3,1 milhões contra 1,1 milhões por conta própria ou empregadores.
Os mais atingidos têm entre 45 e 54 anos. Já no que toca à nacionalidade, a esmagadora maioria é de Portugal, com 4,2 milhões de dias. Mas há quase 17 mil associados a pessoas de outros países da União Europeia e mais de 59 mil relativos ao Brasil.