Quintas apostam no azeite gourmet para clientes mais exigentes

Várias quintas e herdades vinhateiras estão a apostar no fabrico de azeite gourmet, de elevado valor acrescentado, como complemento ao negócio principal. É um produto que também é usado em restaurantes próprios, nomeadamente daquelas que oferecem a componente de enoturismo.

Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite, explica que é “uma evolução natural do setor”, que está “alinhada com as tendências globais de valorização da qualidade e experiências mais autênticas”. O mercado de azeites de alta qualidade “cresce a taxas superiores ao segmento convencional” e há “uma mudança comportamental em certos nichos de consumidores”, que são cada vez “mais sensíveis a atributos como sabor, saúde, origem, práticas sustentáveis e design de embalagem”. Isso significa “margens mais elevadas para os produtores”, embora estejam a gerir quantidades mais limitadas. “É um produto de nicho”, complementa Patrícia Falcão Duarte, secretária-geral da Fenazeites, e é “uma aposta interessante”, não obstante estar “limitada a azeites com propriedades muito particulares e condicionada pela procura”.

Produto biológico

Um exemplo desta aposta é a Quinta da Vacaria, na Régua. A responsável do enoturismo, Mónia Batista, adianta que o objetivo da empresa é “rentabilizar e dignificar” a produção de azeites. São três biológicos: o Olival do Feytor, que nasce a partir de “oliveiras centenárias junto ao hotel, na zona norte da propriedade, e a variedade é a Negrinha de Freixo, colhida em pleno estado de maturação”; o Premium, que junta azeitonas de toda a quinta; e o Olival da Cobiça, da área norte da quinta em que “há separação de terrenos com olival de bordadura com as variedades Cobrançosa e Madural. Como é colhida em verde, dá um final de boca mais picante”. Mónia Batista realça que os principais clientes são “os estrangeiros, principalmente os norte-americanos, que são muito apreciadores e gostam de perceber as diferenças”.

A Quinta da Boeira tem no Douro quatro hectares de olival e algumas oliveiras em bordadura, de cujas azeitonas são extraídos “seis mil litros com tendência para o crescimento”, conta o administrador Albino Jorge. Justifica a aposta com uma “tendência generalizada do consumidor pelos produtos genuínos e de alta qualidade”. Aliados a uma “embalagem requintada”, permitem “criar valor sem atender a qualquer tipo de crescimento para atingir qualquer escala”. A Quinta do Pessegueiro, em São João da Pesqueira, produz 500 litros de azeite gourmet, a partir de “olival centenário no qual se pratica agricultura biológica”. A diretora-geral, Célia Varela, justifica a escolha com “a forma de trabalhar e de valorizar a originalidade e as propriedades de cada pequena parcela”.

António Boal, da Costa Boal Family Estates, refere que o produto gourmet marca “a entrada da empresa na produção de azeite”, cujos mercados atuais são “Portugal, Angola e Brasil”.

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Três azeites gourmet são as apostas da Quinta da Vacaria. As garrafas de meio litro de Olival do Feytor custam 20 euros cada, as de Premium ficam a 21,50 euros e as de Olival da Cobiça saem a 22,50 euros.

1200 garrafas de meio litro são o objetivo anual por cada marca na Quinta da Vacaria. Cerca de 70% são vendidas na loja da quinta e o restante destina-se às refeições no próprio restaurante e a provas.

Quinta da Boeira
Embalagens de 250 ml (35 euros) e 500 ml (46 euros). São garrafas de porcelana com desenho de um azulejo português de inícios do século XIX.

Quinta do Pessegueiro
Garrafas de 250 ml (9,90 euros) e 500 ml (15,50). As variedades utilizadas são a Madural, Cobrançosa, Verdeal, Picual e Carrasquenha.

Costa Boal Family
Produz sete mil garrafas de 500 ml, vendidas a 14,50 euros cada. Variedades Madural, Verdeal e Cobrançosa. Segundo António Boal, “a estratégia passa por um posicionamento junto dos chefs dos melhores restaurantes”.

Herdade do Rocim
Produz 15 mil litros de azeite gourmet por ano. Segundo Pedro Ribeiro, o preço da garrafa de 500 ml é de 14,99 euros e a de 250ml, 11,49 euros.