O presidente do Núcleo Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Veloso, admite manifestar-se em Lisboa se o impasse quanto à reabertura das 19 unidades móveis de rastreio (15 móveis e quatro fixas) não ficar resolvido até ao final do mês.
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É que apesar de, em agosto, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) ter garantido que as unidades começariam a funcionar "no início do mês de setembro", agora assume que "ainda não há uma data concreta", embora admita que "aconteça ainda este mês". Segundo o JN apurou, "falta só" aprovar o orçamento em Conselho de Ministros.
"Se isto não ficar resolvido este mês, não podemos continuar à espera e irei a Lisboa manifestar-me. Mas não vou sozinho. Levo um conjunto de doentes para verem que há pessoas para quem estes rastreios são vitais. É que quem está a sofrer com este atraso é a população", disse ao JN o presidente da Liga.
A situação, que dura desde o início do ano, altura em devia ter sido formalizado o acordo de cooperação entre a Administração Regional de Saúde do Norte e a Liga, tem originado o adiamento de milhares de exames que levam à deteção precoce do cancro da mama. Só no Norte, o público-alvo deste programa de rastreio é de aproximadamente 630 mil mulheres.
"há nove meses parados"
O presidente do Núcleo Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro reforça que "há uma preocupação grande" por estarem "há nove meses parados, com 72 pessoas, entre técnicos, administrativos e médicos, o que representa muitas centenas de milhares de euros".
Vítor Veloso recorda o trabalho de prevenção levado cabo pelo Núcleo Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, ao longo dos últimos 20 anos, o que permitiu "diminuir até 25% a taxa de mortalidade do cancro da mama". Mas, sem rastreios desde o início do ano, o presidente da Liga não tem dúvidas de que "vai haver mais mortes por cancro da mama e a repercussão vai ser visível nos próximos anos".
No resto do país, os rastreios já estão a ser feitos desde a segunda quinzena de junho, uma vez que as ARS do Centro, Lisboa e Vale do Tejo e a do Alentejo não estavam dependentes de processos de renovação de contratos. Também no Algarve, cuja execução não tem participação da Liga, a unidade móvel de rastreio também já está a funcionar.
Com esta paragem forçada, e segundo dados da Liga, foram adiados "cerca de 75 mil exames de rastreio e ainda se encontram suspensas as marcações".
Concelhos afetados
Na altura da suspensão do rastreio encontravam-se a rastrear, no Norte, os seguintes concelhos: Peso da Régua, Santa Maria da Feira, Vinhais, Valença, S. João da Madeira, Vila Real, Guimarães, Marco de Canaveses, Valongo, Matosinhos, Braga, Gaia, Viana do Castelo, Famalicão, Felgueiras, Paredes, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.
Privado é alternativa
Quem precisa e pode vai fazer exames em unidades privadas.