Depois da quebra provocada pela pandemia, candidaturas mais do que duplicaram face a 2019 até ao final de maio. Brasil e PALOP são os principais emissores.
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Depois da quebra registada no ano passado, com a pandemia a travar a mobilidade dos estudantes, a procura por instituições de Ensino Superior por alunos internacionais está ao nível mais alto de sempre. Até 31 de maio, contavam-se 3483 candidaturas para a realização de um curso superior no nosso país, num aumento de 132% face a 2019. Brasil e Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) continuam a ser os principais países emissores, de acordo com dados fornecidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
"A expectativa é que, até ao início do ano letivo, se materialize numa percentagem muito acima de 2019, que foi o melhor ano de sempre", explica, ao JN, o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Apontando Sobrinho Teixeira para um crescimento na casa dos 25% a 30% face a 2019/2020. "São resultados animadores; é um retorno para todos, para as instituições, para o país, para os portugueses", frisa.
Impacto da pandemia
No ano passado, refira-se, na primeira remessa de candidaturas, a procura por estudantes internacionais tinha duplicado, mas o fecho de fronteiras devido à crise sanitária não se materializou em matrículas. Fechando o ano com uma quebra de 18% no número de alunos internacionais inscritos no 1.º ano pela primeira vez. Com o maior decréscimo, revela o governante, a vir do Brasil, explicado também pela desvalorização do real, que encareceu uma propina média anual na casa dos sete mil euros.
Atualmente, são cerca de 65 mil os alunos estrangeiros a estudar no nosso país - incluindo-se, aqui, os Erasmus (mobilidade de crédito) -, respondendo por 18% do total. "A métrica global do Governo é ter 25% de estudantes estrangeiros em 2023/2024, perto dos 90 mil, o que implica crescer 25% a 30% ao ano", explica. Em 2019, o número de internacionais aumentou 28%, para um total de 5477 novos alunos, números que não incluem os cursos de curta duração (CTeSP).
"Ao nível pré-pandemia"
E é precisamente nos CTeSP que o Politécnico de Bragança (IPB), a instituição do país que mais novos alunos internacionais recebeu no ano passado, regista um maior crescimento da procura neste ano. Ao JN, Orlando Rodrigues revela subidas de 172% nos cursos de curta duração, de 71% nos mestrados e de 28% nas licenciaturas, face a igual período de 2020.
"Estamos ao nível pré-pandemia", frisa o presidente do IPB, onde um terço dos alunos são internacionais. Neste momento, "Cabo Verde é a principal origem [é o segundo maior emissor no país], seguido de Brasil e restantes PALOP". Depois da "quebra não muito significativa do ano passado, o objetivo é passar os mil alunos neste ano", afirma.
Cenário idêntico regista a Universidade de Évora, com uma ocupação de "100% das vagas na 1.ª fase do concurso especial de acesso para estudantes internacionais nos cursos de licenciatura e mestrado integrado". De acordo com a reitoria, "o número de candidatos foi, este ano, três vezes superior ao número de vagas disponíveis, verificando-se um acréscimo de cerca de 100 estudantes face a 2019/2020". As candidaturas a mestrados e doutoramentos decorrem até julho e "o número de candidaturas recebidas está de acordo com o expectável", frisam.
Na Universidade de Aveiro terminou agora a 2.ª fase do concurso para estudantes internacionais, prevendo a instituição a "retoma da tendência daquilo que eram os padrões de um consistente crescimento verificado nos anos anteriores". A pandemia levou a "uma redução importante do número de estudantes internacionais".
Com o processo de candidaturas a correr, a Universidade do Porto não avança ainda números, revelando que, antes da pandemia, tinha recebido 4756 candidaturas de internacionais, tendo em 2020/2021 registado uma quebra de 16%.
Saber Mais
Conta atualmente com 5100 estudantes internacionais, com Brasil, PALOP, Irão e China como países de proveniência mais representados. Valiam, em 2019, 2,4% da receita total da UPorto.
Somando todos os níveis de ensino e tipos de acesso, contam com 2546 estudantes de 92 nacionalidade, com Brasil a liderar.
Provenientes de 70 países, conta com cerca de dois mil estudantes estrangeiros. Nos principais países emissores, Cabo Verde, Brasil e Angola.
A mais antiga instituição de Ensino Superior do país tem mais de mil alunos com o estatuto de estudante internacional, a maioria originária do Brasil.
À Lupa
44831
No primeiro semestre deste ano estavam inscritos em mobilidade de grau (sem contabilizar o Erasmus) 44831 internacionais, um terço dos quais do Brasil, 11% de Cabo Verde e 10% da Guiné-Bissau.