Competitividade do Norte também está nas cadeias logísticas mais curtas, que devem orientar-se para a economia circular, defende Filipe Araújo.
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A pandemia de covid-19 alterou o paradigma que já tinha dando sinais de revolução, sustentou Filipe Araújo, vereador do Ambiente da Câmara Municipal do Porto.
"Os jovens consumidores estão mais informados e preocupados com o futuro planeta", adiantou. "A Europa estabeleceu metas muito precisas para a neutralidade carbónica até 2050 e o "Green Deal" oferece oportunidades de investimento em sete vetores: clima, energia, economia circular, poluição zero, mobilidade, biodiversidade e do prado ao prato", sintetizou.
Como estratégia para recuperar da crise, o Norte deve então investir apostando nesse futuro mais verde. "Há oportunidades na energia, na produção para autoconsumo, mas também para distribuição ao vizinho. A produção de baterias para acumular energias renováveis é outra oportunidade", apontou Araújo.
Portugal deve fazer um percurso de descarbonização, apostando na eficiência energética dos edifícios que mais consomem (escolas, hospitais, etc), o que constitui uma oportunidade para o setor da construção e dos materiais.
"A mobilidade é crítica para o Norte: temos de avaliar as infraestruturas (portos, aeroportos, rodoviárias, ferroviárias) e apostar no transporte público, partilhado e de baixas emissões", lembrou o vereador.
No que toca à economia circular, estamos a "dar os primeiros passos" na duplicação da taxa de utilização de materiais circulares até 2030. "Na Lipor, a central de valorização energética, onde terminam os resíduos indiferenciados, já está a produzir escórias que têm nova utilização. Mas temos de ir mais longe", alertou. "Os resíduos orgânicos têm de ir para a agricultura e os resíduos de construção e demolição têm de ser incorporados em nova construção ou reabilitação", exemplificou.
Na lógica "do prado ao prato", esse circuito pode ser aproveitado para diminuir os impactos dos transportes em cadeias logísticas mais curtas que levam do campo para o consumidor e levam os resíduos orgânicos deste de volta para o agricultor.
"No Norte, temos imensa vantagem em apostar no ambiente, temos de saber fazer as apostas certas", resumiu Filipe Araújo, na conferência JN "Os Caminhos da Recuperação Económica em Portugal: Hipóteses a Norte", esta sexta-feira.