Grupo para atenuar crise nos serviços de ginecologia e obstetrícia é composto por seis clínicos, de todo o país, com experiência hospitalar.
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O trabalho da comissão de acompanhamento para atenuar a crise nas urgências dos serviços de ginecologia, obstetrícia e nos blocos de partos de todo o país não vai terminar no final de setembro. O Ministério da Saúde estima que a atividade do grupo "se estenda por 180 dias até a conclusão da revisão da rede de referenciação hospitalar", revelou fonte da tutela ao JN. Contas feitas, a comissão terá até ao final de março de 2023 para apresentar a nova rede.
O coordenador nacional da comissão de acompanhamento, Diogo Ayres de Campos, afirma que o grupo de cinco clínicos, um em representação de cada região do país, terá dois tipos de objetivos: a curto e a médio prazo. Em declarações à RTP, o também diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse que o grupo "vai dar algum apoio e coordenar a resposta à dificuldade que há em criar e manter as equipas de urgência em obstetrícia". A prioridade é que não haja "contingências todas ao mesmo tempo".
Novo desenho da rede
Já como presidente da Associação Europeia de Medicina Perinatal, Ayres de Campos tinha dito que a situação em Portugal era "muito preocupante". "A comissão não vai resolver apenas os problemas agudos, que se resolvem em dois ou três meses, queremos ir um pouco além", detalhou à RTP. Marta Temido, ministra da Saúde, afirmou na quarta-feira que haveria um "novo desenho" em duas redes, a da referenciação hospitalar em saúde materna e da urgência e emergência.
Ao JN, a tutela explica que os seis elementos da comissão de acompanhamento "integram também o grupo técnico para a elaboração de proposta de criação da Rede de Referenciação Hospitalar em saúde materna e infantil", criado pelo despacho n.º 5407/2017, de 9 de junho.
Em representação da Administração Regional de Saúde do Norte estará José Manuel Furtado, diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães. O Centro será representado por Ana Luísa Fialho Amaral Areia, médica de ginecologia e obstetrícia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Por Lisboa e Vale do Tejo assume o cargo Jorge de Abreu Cirurgião, diretor do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental.
Fernando Manuel Ribeiro Fernandes, diretor do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Évora, representa o Alentejo. Já o Algarve estará com Fernando Manuel Nogueira Guerreiro, diretor do Departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana do Centro Hospitalar Universitário do Algarve.
Aveiro sem Via Verde AVC
A Administração de Saúde Regional de Lisboa e Vale do Tejo anunciou o fecho das urgências de ginecologia e de obstetrícia do Hospital de Setúbal até às 9 horas deste domingo, devido a doença súbita de um dos seus profissionais.
A mesma razão foi apontada pelo Hospital de Aveiro, que desativou a Via Verde AVC desde as 8 horas deste sábado, uma vez que a médica de serviço até às 20 horas ficou doente. A presidente do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Margarida França, adiantou ao JN que o serviço retomaria a normalidade durante a noite. Na sequência do imprevisto, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes tinha indicações para encaminhar as vítimas de AVC para o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra.
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, alertou este sábado para a falta de médicos de todas as especialidades e reforçou a necessidade de prevenir as carências. "Era importante perceber como é que vai ser o verão", afirmou nas Caldas da Rainha, após visitar o Serviço de Urgência de Obstetrícia.
Sindicato quer explicar razões a Fernando Medina
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) pediu este sábado uma reunião ao ministro das Finanças, Fernando Medina, para explicar as "razões estruturais" da situação na saúde, como o fecho, total ou parcial, de urgências por falta de médicos. Na passada quinta-feira, Medina disse no Luxemburgo, à entrada para uma reunião do Eurogrupo, que os problemas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) não resultavam de "nenhum condicionamento financeiro que lhe tenha sido imposto", mas antes de falta de pessoal. O SIM entende que Medina "deve ser cabalmente esclarecido das razões estruturais" do SNS.