
Caos voltou a marcar o controlo de fronteiras no aeroporto de Lisboa
Foto: Rita Chantre
Apesar da mobilização de 80 agentes da PSP antes do Natal, passageiros provenientes de fora do Espaço Schengen enfrentam esperas de várias horas no controlo de fronteiras. Governo admite falhas no novo sistema europeu e anuncia investimento até 7,5 milhões de euros para a aquisição de novos quiosques eletrónicos.
As longas filas voltaram este domingo ao controlo de fronteiras do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, com passageiros a relatarem esperas prolongadas que chegaram a ultrapassar as seis horas. A situação ocorreu apesar do reforço de 80 efetivos da Polícia de Segurança Pública, anunciado pelo Ministério da Administração Interna antes da quadra natalícia para tentar evitar constrangimentos nas chegadas.
Nas redes sociais multiplicaram-se os testemunhos de quem chegou a Portugal em voos oriundos de fora do Espaço Schengen. Há relatos de três, cinco e mais de seis horas de espera até à passagem pelo controlo de imigração. "Após 12 horas de voo, tivemos que aguardar mais de seis horas na fila da imigração para entrar em Portugal, no aeroporto de Lisboa. Sem água, ou comida", escreveu Felipe Guinsani na rede social X.
Após 12 horas de voo, tivemos que aguardar mais de 6 horas na fila da imigração para entrar em Portugal, no aeroporto de Lisboa. Sem água, ou comida - sequer havia para comprar.
- Felipe Guinsani (@FGuinsani) December 28, 2025
E um detalhe grave: a espera era praticamente exclusiva para brasileiros. Fujam de Portugal. pic.twitter.com/7kHt7UfqsM
Outro utilizador, Emiliano Abad, descreveu uma situação semelhante, referindo que a mãe, "com quase 70 anos", aguardava há seis horas na fila do controlo de passaportes, "sem comida, sem água, sem banheiro, junto com centenas de outros, incluindo idosos e crianças", considerando tratar-se de um "escárnio completo".
Minha mãe, com quase 70 anos, está há 6 horas na fila do controle de passaporte do Aeroporto de Lisboa. Sem comida, sem água, sem banheiro, junto com centenas de outros, incluindo idosos e crianças.
- Emiliano Abad (@emilianoabad) December 28, 2025
Escárnio completo em um aeroporto que se propõe a ser um hub para a AL na UE. pic.twitter.com/IXmf2ywEU4
Os familiares de passageiros retidos confirmaram à CNN Portugal o cenário de grande pressão nas chegadas de voos extra-Schengen.
No site da ANA mantém-se um aviso aos passageiros. "Devido a alterações no controlo de fronteiras é expectável aumento dos tempos de espera. Recomendamos chegada antecipada ao aeroporto", lê-se na informação destacada. O mesmo alerta surge para o Aeroporto do Porto, embora as queixas não ecoem como na capital.
Governo reconhece falhas e avança com investimento
Os constrangimentos não são novos. Em meados de dezembro, a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, admitiu no Parlamento tempos médios de espera de três horas e máximos de seis horas, reconhecendo que a integração dos novos sistemas europeus de controlo "correu muito mal". Três dias depois, o ministério anunciou o reforço de 80 agentes no aeroporto de Lisboa e, a 23 de dezembro, garantiu uma diminuição das filas e que todos os postos estavam ocupados por agentes da PSP, uma melhoria que não se confirmou de forma consistente.
Esta segunda-feira, o Conselho de Ministros aprovou uma despesa até 7,5 milhões de euros para a aquisição de novos quiosques eletrónicos, os chamados e-gates, destinados ao controlo de passaportes e recolha de dados biométricos no aeroporto de Lisboa. A autorização permite à PSP adquirir hardware, software e serviços de manutenção entre 2026 e 2028.
Segundo o Governo, o investimento enquadra-se na implementação do novo sistema de entradas e saídas do Espaço Schengen, que substituiu os carimbos manuais por um registo eletrónico centralizado e passou, numa segunda fase, a recolher dados biométricos, como impressões digitais e fotografia facial. A implementação total tem de estar concluída até abril.

