As estruturas que representam os reformados e pensionistas criticaram, ontem, as medidas anunciadas pelo Governo para mitigar o aumento do custo de vida. Dizem que foram esquecidas e avisam que os 30 euros destinados aos mais carenciados poderão não chegar aos destinatários, pois nem todos os idosos têm conta bancária.
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"Os reformados foram esquecidos mais uma vez", lamenta Isabel Gomes, presidente do Movimento Unitário de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI), ao JN. A dirigente associativa admite que "dá jeito" não ter IVA nos alimentos essenciais, mas ressalva que é "uma ajuda muito parcial e temporária" que, estruturalmente, "não resolve problema algum". O mesmo sucede com o apoio de 30 euros destinado aos mais pobres, onde se incluem as pensões mais baixas.
"Quando se chegar a dezembro o que é que vai acontecer? Voltamos ao passado, voltamos a ter um problema estrutural, porque os reformados estão a viver pior do que estavam".
Isabel Gomes adianta que este pacote é "um rebuçadinho que não chega a todos". Ao contrário do que ocorreu com os apoios extraordinários do ano passado, os 30 euros deste ano apenas serão pagos por transferência bancária.
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"Não chega a todos, porque as pessoas que têm rendimentos mais baixos são aquelas que recebem por vale postal. A generalidade desses reformados não tem conta bancária", explica Isabel Gomes. Esclarece, ainda, que "cada vez mais as pessoas guardam o pouco que têm debaixo do colchão". O dinheiro da pensão "não chega até ao fim do mês" e os bancos "obrigam a fazer determinados movimentos e a pagar comissões". Para a presidente da MURPI, "é uma desgraça muito grande o que está a acontecer. É dramático", adverte.
A associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe!) também exprimiu "indignação" pelo facto do "Governo excluir quem já cumpriu uma carreira contributiva e vive da sua reforma". A APRe! considera "inaceitável" e "ofensivo" este "desprezo". Por isso, questionam qual a valia de receber um euro por dia (30 euros por mês) e perguntam "por que razão não será estendida a isenção do IVA aos medicamentos".
Apoios
Pagamento trimestral
As famílias vulneráveis receberão 30 euros por mês. Serão pagos em prestações de 90 euros em abril, junho, agosto e novembro. Destina-se a quem tem tarifa social de energia ou recebe CSI, PSI ou RSI, subsídio social de desemprego, pensão social de velhice ou pensão social de invalidez.
Atualizar a conta
O número de conta bancária deve estar atualizado no portal da Segurança Social Direta, para que a transferência se processe.