Os órgãos de poder local e regional de toda a Europa registaram um défice orçamental de 180 mil milhões de euros, em 2020, devido à pandemia, quando comparado com os números de 2020. Em Portugal, as regiões e cidades perderam 550 milhões de euros.
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O barómetro regional e local anual da União Europeia, apresentado esta terça-feira na Semana Europeia das Regiões e Cidades, em Bruxelas, revela um cenário particularmente grave para as finanças dos poderes regionais e intermédios da Europa. As regiões e cidades registaram um aumento da despesa de cerca de 125 mil milhões de euros, resultante de medidas relacionadas com a pandemia, e uma quebra da receita na ordem dos 55 mil milhões de euros, principalmente "devido à diminuição da atividade económica e da receita fiscal", lê-se no documento.
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No caso português, as regiões e os Municípios perderam 550 milhões de euros, o que significa o 14º pior cenário entre os 27 Estados Membros da União Europeia, sendo que Malta não disponibilizou os dados. A Área Metropolitana de Lisboa e o Algarve foram as regiões mais afetadas, embora o eurobarómetro não quantifique o défice orçamental de cada região portuguesa.
O défice orçamental europeu de 180 mil milhões de euros (mais 125 mil milhões de despesa e menos 55 mil milhões de receita) divide-se entre 130 mil milhões ao nível dos órgãos de poder regional e intermédio, e 50 mil milhões a nível municipal.
Os órgãos de poder local e regional alemães são, de longe, os mais atingidos em termos absolutos, com um défice de 111,8 mil milhões de euros. Segue-se a Itália (menos 22,8 mil milhões), Espanha (-12,4), França (-7,2), Bélgica (-4,7), Suécia (-3,5), Polónia (-3), Países Baixos (-2,8), Áustria (-2,3) e Finlândia (-2).
O eurobarómetro revela disparidades profundas na forma como a pandemia afetou a saúde dos habitantes das regiões europeias. A mais afetada no número de casos foi Severovýchod, na República Checa. A que teve mais mortes por 100 mil habitantes foi Vale de Aosta, na Itália, e a que teve maior aumento de mortalidade foi Madrid, em Espanha. Ao nível do impacto na saúde, nenhuma região portuguesa está entre as primeiras.
No entanto, Portugal é apontado como mau exemplo no que toca a disparidades entre zonas rurais e urbanas na utilização de Internet. Há quatro países que o relatório indica que têm clivagens "particularmente acentuadas", que são a Bulgária, a Roménia, a Grécia e Portugal.
O eurobarómetro questionou ainda os autarcas e os decisores regionais de todos os países da União Europeia para perceber se consideram que não têm peso suficiente nas decisões da União Europeia e se querem ter mais influência nas políticas comunitárias. Na média da Europa, 86% concorda que não tem peso suficiente nas decisões, mas este número é maior em Portugal, com 89% a pedir mais influência nas decisões comunitárias.