Onze concelhos da região devem passar esta quinta-feira para o nível de risco elevado. Incidência mantém-se alta, mas ritmo de crescimento da covid começa a dar tréguas em todo país.
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Os onze concelhos do Norte que estavam em situação de alerta no mapa de risco traçado no último Conselho de Ministros devem subir, esta quinta-feira, para o patamar seguinte, o nível de risco elevado. O que significa que, a manter-se a linha que o Governo tem seguido, pelo menos, um milhão de residentes nestes municípios ficarão sujeitos a restrições, nomeadamente o recolher obrigatório às 23 horas e a limitações nos horários e número de pessoas por mesa nos restaurantes.
Arouca, Barcelos, Chaves, Espinho, Gondomar, Guimarães, Lousada, Maia, Paredes, Póvoa de Varzim e Valongo são concelhos que, "de certeza", subirão para o patamar de risco elevado - duas semanas com 120 casos por 100 mil habitantes ou uma semana com 240 casos -, avançou ao JN o matemático Óscar Felgueiras. Daqueles municípios, sete pertencem à Área Metropolitana do Porto e concentram mais de 600 mil residentes.
Crescimento desacelera
Os restantes 23 concelhos que também estavam em alerta devem seguir caminho idêntico, mas pode haver exceções por causa do fator baixa densidade populacional. Dos 27 municípios que se encontram em risco elevado, a maioria deverá subir para o nível muito elevado. Será o caso de Viseu, concelho onde na quarta-feira a Câmara já previa o pior.
Na prática, o mapa do país ficará mais vermelho e o número de municípios abrangidos pelas regras dos níveis de risco elevado e muito elevado aumentará significativamente. O Governo reúne, hoje, em Conselho de Ministros e as alterações devem ser conhecidas ao início da tarde.
"Seguramente que teremos muito mais concelhos com medidas restritivas", assegura o professor da Faculdade Ciências da Universidade do Porto. Alguns, avisa, podem mesmo passar do nível de alerta diretamente para o patamar de risco muito elevado, que impõe restrições ainda mais fortes.
O cenário não é favorável, mas há indicadores positivos. Em termos gerais, "há um abrandamento do crescimento de novos casos transversal a todas as regiões do país", garante Óscar Felgueiras. Na última semana houve mais quatro mil casos do que na anterior, quando, nessa semana, se registaram mais cinco mil casos face à que a antecedeu. Esses dias críticos em termos de crescimento da pandemia foram marcados, essencialmente, pelo fenómeno de "supertransmissão" registado a Norte, após os festejos de S. João.
Pico mais perto em Lisboa
Se a tendência de abrandamento se mantiver, a região de Lisboa e Vale do Tejo será a primeira a chegar ao pico da quarta vaga, seguida do Algarve, o que poderá acontecer "em breve". Nas contas do matemático, a região Norte terá de esperar mais umas semanas para atingir esse topo.
Embora a taxa de incidência de infeções por 100 mil habitantes no continente continue e subir - ontem era de 346,5 -, o índice de transmissibilidade (Rt) tem vindo a decrescer nos últimos dias (ontem era de 1,15 no continente, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde). O relatório registou mais 4153 casos de infeção pelo SARS-CoV-2, o número diário mais alto desde 10 de fevereiro (4387), e nove mortes por covid-19. Os internamentos em enfermaria decresceram ligeiramente (menos 8, num total de 734), mas aumentaram nos cuidados intensivos (mais 10, num total de 171).
As regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve continuam a ser as mais pressionadas em termos de internamento hospitalar. Porque a relação entre incidência e internamentos é também matemática, a pressão nos hospitais do Norte "vai acentuar-se nas próximas semanas", assinala Óscar Felgueiras.
Contágio
Viseu ameaça retirar licenças de esplanadas
No espaço de uma semana o concelho de Viseu registou 296 novos casos de infeção por covid-19. A taxa de incidência da doença é agora de 536 por 100 mil habitantes. O aumento do número de doentes levou já a Câmara Municipal a lançar um aviso a quem tem esplanadas. Se os proprietários não ajudarem a alertar os clientes para cumprirem as regras de segurança, de modo a baixar os contágios, estes espaços podem ser encerrados. "Pomos em cima da mesa inclusivamente reduzirmos ou anularmos as licenças de esplanadas porque o esforço tem que ser feito coletivamente", afirma Fernando Marques, vereador com o pelouro do Turismo.
A autarquia promete "tomar as medidas que tiverem que ser tomadas" para baixar os números. A fiscalização no centro histórico da cidade já foi reforçada, em conjunto com a polícia, e foram cancelados os eventos de animação neste período de verão.
Saber mais
Região do Algarve em situação crítica
Na região do Algarve apenas dois concelhos - Aljezur e Alcoutim - têm níveis de incidência abaixo dos 240 casos por 100 mil habitantes. Todos os outros estão num nível de risco muito elevado, numa altura em que milhares de portugueses rumam ao Sul para fazer férias.
Lisboa concentra metade dos casos
O país registou na quarta-feira 4153 novos casos de covid-19, dos quais quase metade (46,4%) concentrados em Lisboa e Vale do Tejo (1928 contágios). A região Norte totalizou 1305 casos confirmados, que representam 31,4% do total registado no país.
Risco elevado e muito elevado
Incidência
Risco elevado: duas semanas com mais de 120 casos por 100 mil habitantes (ou 240 em concelhos de baixa densidade). Risco muito elevado: duas semanas com mais de 240 casos (ou 480).
Hora de recolher
Nos concelhos de risco elevado e muito elevado há recolher obrigatório às 23 horas. O incumprimento é sancionado com prisão ou multa.
Teletrabalho
Sempre que as funções permitem, o teletrabalho é obrigatório nos concelhos de risco elevado e muito elevado. Os espetáculos culturais acabam às 22.30 horas.
Restaurantes
Restaurantes, cafés e pastelarias fecham às 22.30 horas. Nos concelhos de risco elevado podem estar seis pessoas por grupo no interior e 10 na esplanada. Nos de risco muito elevado: quatro no interior e seis na esplanada.
Ginásios e lojas
Nos concelhos com risco muito elevado, os ginásios não podem ter aulas de grupo e só são permitidos desportos de baixo e médio risco. Os casamentos e batizados têm no máximo 25% da lotação. Ao fim de semana, os supermercados fecham às 19 horas e o retalho não alimentar às 15.30 horas.