Família Oliveira recicla material escolar. Este ano, estão preocupados com o aumento dos preços do ATL e do centro de estudos.
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Na casa de Cristina e Alexandre Oliveira, na freguesia de Ronfe, em Guimarães, já está tudo preparado para o regresso às aulas. Sempre que chegam de férias com os dois filhos, uma das primeiras tarefas é verificar o material escolar que pode ser reutilizado e, depois, seguir para o hipermercado para comprar o que faz falta. Este ano, o casal diz que a inflação já se notou no valor dos cadernos, mas a maior preocupação está no aumento dos preços do centro de estudo e do ATL (centro de atividades de tempos livres), de que não podem abdicar.
"A única ajuda que temos são os manuais gratuitos", afirma Alexandre, sentado ao lado da filha Lara, com 14 anos, "ansiosa" por frequentar o 9.º ano e regressar à rotina.
Para a jovem estudante, não há problema em receber manuais que estão escritos. "Basta apagar", descomplica a adolescente. Os pais reforçam que, apesar de não terem mais benefícios sociais, a medida "é excelente" para aliviar a carteira nesta época do ano.
"Se tivéssemos de comprar os livros, todos os anos, era uma despesa enorme", atira Alexandre, mecânico. "Com dois filhos, estamos a poupar à volta de 300 a 400 euros", acrescenta a mulher, operária de calçado, sustentando que, com o dinheiro que iriam gastar nos livros, o casal consegue comprar material "com mais qualidade". Mas a palavra de ordem em casa é sempre a "reutilização" de coisas que já tinham dos últimos anos.
Lara vai voltar à escola de mochila nova, porque recebeu-a como prenda de aniversário. Mas "réguas, esquadros, compassos" são exemplos de coisas que a jovem já não pede aos pais. "Cadernos, lápis, borrachas ou marcadores temos de comprar. Em Educação Visual, por exemplo, vamos precisar de tintas, mas estou à espera da lista dos professores", afirma a estudante.
O irmão Lucas, com nove anos, vai para o 4.º ano com a mesma sacola que os pais ofereceram na primeira classe. Não reclama, embora confesse que "preferia uma mochila com rodas". "Não é prática", justifica a mãe. "Tentamos educá-los que temos de reutilizar porque não há necessidade de estarmos a comprar material que não se estraga", frisa Cristina, admitindo que, mesmo com regras, já gastaram "cerca de 200 euros em material". "Notamos um aumento de quase um euro em alguns cadernos", elucida.
Sem acesso a qualquer escalão, o início do ano letivo é, também, tempo de pensar nas despesas com refeições, o ATL onde fica Lucas e o centro de estudos que Lara frequenta nas horas livres. Alexandre diz que preveem "um aumento exponencial dos custos". "Antes da covid, pagava 10 euros por mês pelo prolongamento da manhã para o Lucas, agora pago 25 euros", atesta Cristina. Com um horário das 8 às 19 horas e o marido muito tempo fora, não têm como abdicar destes serviços.