O comprimento das faixas de servidão da Rede Elétrica Nacional é equivalente a uma autoestrada de Lisboa a Riade, na Arábia Saudita.
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A REN e a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) juntaram nas instalações dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso, mais de 140 bombeiros de corporações dos distritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real, para uma conferência sobre fogos florestais e segurança de infraestruturas elétricas. O programa incluiu um simulacro de incêndio, na subestação de Pedralva, com a participação das corporações dos Bombeiros Sapadores e dos Bombeiros Voluntários de Braga.
Em 2024, para fazer a limpeza e a gestão das áreas por onde passam as linhas elétricas e gasodutos a REN teve de contactar 36 mil proprietários. Os bombeiros do Norte ficaram a saber que a REN, no ano passado, fez a gestão e a limpeza da vegetação numa área de cerca de 10 mil hectares. “Para conseguirmos fazer isto, em terrenos que não são nossos, tivemos de contactar 143 proprietários por dia”, indicou Pedro Marques, responsável de Redes Sustentáveis e Servidões da empresa.
A REN tem em marcha um programa de reflorestação das faixas de servidão, desde 2010. Estão a ser arrancados eucaliptos, uma espécie de crescimento rápido, e a ser substituídos por árvores autóctones, como o medronheiro, de desenvolvimento lento. Este programa já rearborizou mais de 4500 hectares. Só em 2024 foram 461 hectares, envolvendo 41.900 proprietários. “A REN fica com as infraestruturas protegidas e os proprietários garantem um rendimento”, indica o responsável.
Avançam os robôs
Com grande parte da rede e de instalações, como as subestações, situadas em zonas florestais, a REN regista mais cinco mil ocorrências por ano a menos de cinco quilómetros das suas infraestruturas. A 13 de julho de 2022, atingiu-se um recorde de 190 destas ocorrências. A REN procura atuar na prevenção e estar preparada para o primeiro combate, em caso de incêndio. As faixas de servidão da rede elétrica (40 a 50 metros) são limpas a cada três anos. No caso dos corredores por onde passam os gasodutos, onde não pode haver nenhum tipo de árvore ou arbusto, para que as raízes não danifiquem as tubagens, a limpeza é feita a cada dois anos. Perante a dificuldade de encontrar mão-de-obra para estes trabalhos, a REN está a recorrer a robôs e outra maquinaria moderna que implica menos intervenção humana.
A subestação de Pedralva serviu de palco a um simulacro de salvamento em grande ângulo e de incêndio nas instalações. Ficou clara a necessidade de articulação entre bombeiros e a REN, para evitar o risco de eletrocussão durante as operações. Um dos riscos que foi evidenciado, nas situações em que há fogos por baixo de linhas elétricas, foi o de arco elétrico (uma descarga ao solo ou entre fases). Todos os postes de alta tensão têm uma placa com número da torre, a identificação da linha e um número de contacto e esta é a forma de identificar um fogo numa zona destas.
O investigador Xavier Viegas que deu uma palestra sobre a forma como o fogo interage com o meio, elogiou a abordagem integrada da REN. “Não podemos eliminar o risco de incêndio, temos que nos preparar para o mitigar”, aconselhou. António Nunes, presidente da LBP também elogiou o trabalho da REN e pediu para que “mais ações como esta sejam feitas, em outros locais”.
Desde 2009, a REN doou 95 viaturas para combate a incêndios: 65 a corporações de bombeiros voluntários; 30 a equipas de prevenção de incêndios da proteção civil das autarquias.
Dados
9600 quilómetros é a extensão da rede elétrica da REN, que faz o transporte da produção até à rede de distribuição (E Redes).
66% das linhas elétricas e gasodutos da REN estão inseridos em zonas florestais ou rurais.