O Hospital de Faro estará a usar resguardos próprios para animais nalguns doentes que ali se encontram internados. A denúncia foi feita por familiares de utentes daquela unidade hospitalar à bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, que vai segunda-feira remeter o caso ao Ministério da Saúde. Contactada pelo JN, fonte oficial do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) disse desconhecer a situação, garantiu que "não é essa a política de compras" e vai averiguar o sucedido.
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"Acho indigno utilizar resguardos educativos para animais nos doentes", afirmou ao JN Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, explicando que este sábado foi contactada por familiares de doentes ali internados que lhe deram conta que as embalagens com os resguardos foram distribuídas nos serviços do Hospital de Faro.
Segundo a bastonária, além da questão da dignidade, a utilização deste material prende-se também com razões de segurança. "Será que são seguros para uso humano? É que sabemos que são testados para animais, mas não sabemos se o são para as pessoas e que implicações isso poderá ter", acrescentou.
Desconhecendo a razão que levou ao uso deste tipo de resguardos, "se por uma razão económica, se por não haver outros disponíveis", Ana Rita Cavaco garantiu ao JN que segunda-feira vai remeter o caso ao Ministério da Saúde.
Contactado pelo JN, Paulo Neves, administrador do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), garante desconhecer o recurso a estes resguardos. "Não é essa a política de compras. As compras são feitas por concurso e apenas de material para uso hospitalar", disse ao JN, admitindo que tal possa ter sido introduzido no hospital sem o conhecimento da administração.
Fornecedor está sem stock
"Se alguém oferece ou introduz um produto no serviço, é difícil controlar atendendo ao número de funcionários e utentes. Não consigo confirmar nem desmentir. Mandei a fotografia para quem trata das compras", disse, desconfiando que tal possa não ser verdade. "Não me parece que tenha base para ser levado a sério", afirmou.
Mais tarde, o administrador confirmou que o CHUA não encomendou aqueles produtos nem se abastece no detentor da referida marca. "Fizemos concurso público e o fornecedor ganhador ainda não conseguiu cumprir com o abastecimento, que deveria ter havido nesta semana, por rotura de stock", afirmou, adiantando que, além do aumento sensível dos preços, "os fornecedores não conseguem cumprir com prazos". ""Antes era a pandemia, agora pelos circuitos internacionais afetados ou comprometidos pela guerra e rotas profundamente alteradas", disse.