Até setembro deste ano já se realizaram mais uniões do que em todo o ano de 2020, quando o setor quase fechou.
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O fim das limitações causadas pela pandemia está a fazer aumentar o número de casamentos realizados em Portugal. Entre reagendamento das bodas previstas para 2020, aquelas que foram adiadas para 2021 e novas marcações, só entre janeiro e setembro deste ano, realizaram-se 24 605 casamentos. Mais do que em todo o ano de 2020, quando decorreram apenas 22 627 matrimónios, e já mais próximo de 2019, antes da pandemia, com 39 461 casamentos.
Os dados avançados pelo Instituto de Registos e Notariado (IRN) referem que abril do ano passado foi o mês com menos uniões dos últimos anos: apenas 323. "As pessoas querem festejar", disse António Brito, responsável pela Exponoivos, a feira dedicada aos casamentos e aos noivos, que este sábado começa na FIL, em Lisboa, e que nos dias 30 e 31 se realiza na Exponor, em Matosinhos. "Foi demasiado tempo de paragem e de suspensão dos sonhos dos noivos", frisou.
Igrejas e quintas lotadas
Depois de mais de um ano quase parado, o negócio à volta dos casamentos está a regressar em força. Igrejas e quintas têm agendas lotadas até ao final do ano e muitas marcações, sobretudo para maio, julho, agosto e setembro de 2022. "Quando comparado com o ano passado, este ano está a correr maravilhosamente, e o próximo ano, ao que tudo indica, ainda será melhor", disse ao JN Isabel Marques, responsável pela Vila Marita, em Guimarães.
"Os casamentos ainda são maioritariamente católicos. Não tenho números mas, na diocese do Porto, os casamentos na Igreja dominam e, ao fim de semana, as agendas estão lotadas", afirmou um sacerdote que, em setembro, realizou 18 matrimónios. "Já não me lembrava de ter um mês assim".
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Em Portugal, o volume de negócios à volta dos casamentos é superior a 900 milhões de euros por ano. "O setor contribui com 0,5% para o PIB nacional, é gerador de dezenas de milhares de empregos diretos e indiretos nos mais de 40 subsetores de atividade envolvidos na indústria do casamento", explicou António Brito.
Geograficamente, e de acordo com a informação disponível no site do Instituto Nacional de Estatística (INE), é na região Norte que se realizam mais casamentos.
Em média, um casamento com 100 convidados custa 26 mil euros. Neste orçamento estão incluídos os custos de 10 serviços considerados imprescindíveis numa boda. Entre eles, a roupa dos noivos, as alianças, as despesas da igreja e do registo civil, o copo-de-água, a fotografia e a animação da festa. Até ao verão, a despesa aumentava com o custo dos testes de covid.
"É verdade que muitas quintas aumentaram os preços e aplicaram uma espécie de taxa pelo adiamento das festas, mas ninguém tem culpa da pandemia e os noivos não devem ter que pagar mais por causa disso", assinalou a responsável pela Vila Marita, que não aplicou nenhum aumento de preço nos casamentos adiados.
"O setor está em processo de retoma e isso já é visível nas empresas que, das mais variadas formas, estão relacionadas com os casamentos", realçou António Brito. Negócios como cabeleireiras e maquilhadoras são os que apresentam maior recuperação.
"Todas as semanas temos que preparar noivas e familiares, e temos casamentos às sextas, sábados e domingos", disse Elizabete Oliveira, cabeleireira em Matosinhos. "Abençoada vacina que nos está a fazer sair da crise".