Rui Rio abriu o congresso do PSD com duros ataques ao PS, acusando os socialistas de estarem colados a interesses minoritários, e garantindo que vai ter coragem para fazer as roturas e as reformas que o país precisa, como a descentralização, a revisão da Constituição e do sistema eleitoral, além da reforma da justiça.
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"Seja na economia, na saúde, na educação ou no ambiente, em todas elas se nota uma degradação, fruto da falta de rigor, do facilitismo e da ausência de coragem por parte de quem nos governou nas duas últimas legislaturas", atacou Rui Rio, ao abrir, esta sexta-feira, o 39º Congresso do PSD, em Santa Maria da Feira.
Para o líder do PSD, um exemplo da incapacidade do PS é o setor da Justiça. "Nestes seis anos, para lá de aumentar os salários dos magistrados em choque frontal e injusto com o que não fez com os demais servidores públicos, o Governo de António Costa e Francisca Van Dunen notabilizou-se pelo imobilismo, pela propaganda" acusou ainda Rui Rio, falando em "seis anos perdidos" por uma governação que "primou pela ausência e pela cabeça baixa perante as dificuldades".
Apesar de considerar que é no setor da Justiça que mais se nota o "imobilismo" do país, foi ao defender reformas urgentes do regime que Rui Rio mais atacou o PS, em particular na prioridade que acredita que deve ser dada à descentralização. Para o líder do PSD, o chumbo da passagem do Tribunal Constitucional e do Supremo Tribunal Administrativo para Coimbra foi a prova de que o PS não concretiza nada do que promete, porque "é um partido do regime" e está subjugado a "interesses minoritários".
"O PS enche a boca com a descentralização, faz discursos inflamados para agradar a quem reclama um país territorialmente justo e equilibrado, mas, na hora da verdade, os socialistas são sempre iguais a eles próprios. Na hora da verdade, o PS mete o rabo e o discurso entre as pernas e não tem coragem para honrar a sua palavra. Aliás, por norma, o PS não tem qualquer repúdio em dar o dito pelo não dito", criticou Rui Rio.
E contrapondo a um PS que "fará tudo" para que o sistema "permaneça imutável", o líder do PSD prometeu coragem para fazer as roturas e as reformas necessárias: "Se for preciso enfrentar interesses poderosos minoritários, em nome do interesse coletivo, nós enfrentaremos, porque temos coragem para isso", afirmou.
"É importante ter a coragem de afrontar os interesses individuais e corporativos, sempre que estes se estejam a sobrepor àquilo que, em cada momento, seja o interesse global da sociedade", prosseguiu, considerando que o contrário disso é algo típico "das ditaduras".
O primeiro ato de coragem de Rui Rio, se for eleito primeiro-ministro a 30 de janeiro será "abraçar a sério" a descentralização, garantindo que isso irá contribuir para "uma gestão das finanças públicas mais controlada e menos dependente de uma administração central despesista". Depois, conseguir apoios para rever a Constituição e o sistema eleitoral, além de levar a cabo a sua reforma da Justiça.
As reformas de Rio
"Não é por capricho que queremos rever a Constituição e o nosso sistema eleitoral. Não é por teimosia que insistimos na reforma da Justiça ou que procuramos reformar a vida interna do nosso partido. Fazemo-lo porque sabemos que é imperioso mudar", garantiu, defendendo que "é um ato de irresponsabilidade não estar disponível para fazer essa rotura".
Ao nível do sistema político, Rui Rio insistiu na "redução moderada do número de deputados", na alteração dos círculos eleitorais, na limitação do número de mandatos dos deputados e no alargamento da legislatura para cinco anos.